"Esta ilusão em que muitas pessoas estavam, de que há cantos seguros, onde as pessoas podem se sentir completamente seguras contra o terrorismo, é hora de acordar desta ilusão, não existem tais lugares", constatou a porta-voz da chancelaria russa à Radio Sputnik.
#Zakharova: We stand with Belgians and express our deepest condolences #Brusselsattack https://t.co/VBDdHpUlAI pic.twitter.com/em7gfQq00H
— MFA Russia (@mfa_russia) 22 de março de 2016
Lamentando que a Rússia, por sua parte, tem bastante experiência em lidar com ataques terroristas em seu território, Zakharova argumenta que a única conclusão a que se pode chegar a partir deles é a de que os Estados devem aumentar sua cooperação mútua, a fim de prover a segurança e não o oportunismo político.
"A razão para isto é a cadeia interminável de intriga política, em parte, na região do Oriente Médio nos últimos anos, quando, com um show de boas intenções, Estados foram destruídos e ninguém respondia para onde essas pessoas, que não têm dinheiro, nem casa, nem, para muitas delas, família, já que [a família] morreu em um conflito sem fim; [ninguém respondia para onde elas] deviam ir", falou a porta-voz.
"Uma grande quantidade de tempo foi desperdiçada e, infelizmente, muitas vidas foram perdidas. Precisamos entender que a única maneira de vencer e encontrar um antídoto para isto é a cooperação internacional global, sem quaisquer condições prévias, sem divisão em amigo-ou-inimigo", observou Zakharova.
Em grande parte, continuou a representante russa, a presente situação é oriunda de prioridades equivocadas e de grandes quantidades de tempo e recursos perdidos em conceitos como nation-building [“construção de nações”] e mudança de regimes, bem como em ameaças sobretudo fictícias tais como a “informação transformada em arma” e a “guerra híbrida”, ao invés de se ter focado nas ameaças concretas, que se transformaram em ataques de verdade.
"Por que eles estão inventando certas ameaças míticas, que não existem, certas guerras híbridas e de informação, às quais eles acham maneiras de resistir e de destinar milhões de euros, ao passo que a ameaça está bem aqui, transportada em malas de viagem, a bordo de aviões, carregada em mochilas no metrô, deixada para trás em caixas perto de travessias de pedestres?", perguntou-se Zakharova na entrevista à Radio Sputnik.
Para evitar novos ataques, portanto, concluiu a porta-voz do ministério russo, é necessário concentrar as prioridades sobre a ameaça real do terrorismo, o intercâmbio de informações e a cooperação, em vez de fomentar divisões e de criar ameaças fantasmagóricas supostamente encarnadas por atores estatais.