Segundo ele, os governos ocidentais despenderam enormes recursos para impor medidas restritivas à Moscou, sem, no entanto, conseguir quaisquer resultados com isso. Nas suas palavras, faz dois anos que a Rússia "separou a Crimeia da Ucrânia" e agora, depois de todas as sanções, já está mais do que claro que a península não voltará a pertencer ao território ucraniano.
Apesar disso, na semana passada a União Europeia fez um apelo para que mais países se juntassem ao seu "boicote ineficaz" à Rússia, destaca o autor. Mas se, na Europa, a manutenção da política de sanções ainda divide algumas opinião, o mesmo não acontece em Washington.
"Muitos europeus reconheceram que as ações da Rússia na Ucrânia não estão de maneira alguma ligadas a eles e que, portanto, não há motivos para se prejudicar em meio a tempos de crise econômica para punir o governo de Putin" – diz Bandow.
"A ideia de que novas sanções forçarão Moscou a capitular reflete o triunfo da esperança sobre a experiência. Os EUA e a UE promovem uma política falida, acreditando que a contínua repetição de uma mesma ação levará no fim das contas a um resultado diferente" – explica Bandow.
Em seguida, o colunista propõe uma abordagem diferente: "Ao invés de prorrogar automaticamente as sanções, os países ocidentais precisam rever a sua política com relação à Rússia".
Na opinião de Bandow, o Ocidente precisa parar com a guerra econômica contra a Rússia, acabar com a expansão da OTAN ao longo das fronteiras russas – principalmente recusando a adesão da Ucrânia ao bloco, diminuir o seu apoio a Kiev e convidar Ucrânia a desenvolver laços econômicas tanto com a Rússia, quanto com aliados ocidentais.
Nas palavras de Bandow, Kiev deve reconhecer a impossibilidade de se tornar parte do bloco europeu. O povo ucraniano deve escolher um caminho de desenvolvimento próprio para o seu país, levando em conta que o Ocidente não está disposto a travar uma guerra econômica ou, muito menos, um conflito militar com a Rússia por causa de Kiev.
"A Rússia recebeu golpes econômicos no decorrer de dois anos – já basta. Parece que alguns países europeus estão cada vez mais cientes de que é hora de negociar com Moscou e seguir em frente. Bruxelas e Washington precisam chegar a esse acordo" – conclui o observador da Forbes.
O governo da Ucrânia continua considerando a Crimeia como um território nacional temporariamente ocupado por forças estrangeiras. E a autodeterminação da população da península tampouco foi reconhecida pelos países do Ocidente, muitos dos quais adotaram sanções contra a Rússia.