Desde que Netanyahu anunciou a indicação, de modo informal, através de sua conta no Twitter, o Governo brasileiro não se manifestou oficialmente a respeito. Informações vazadas de Brasília, porém, deram conta de que Dani Dayan seria vetado por ter integrado o Conselho Yesha, o conselho que reunia as lideranças israelenses nas áreas de assentamento de Gaza.
Para Samuel Feldberg, professor de Relações Internacionais da USP, especialista em políticas do Oriente Médio, a decisão de Benjamin Netanyahu – que acumula a Chefia de Governo com o Ministério das Relações Exteriores – pôs fim a alguns questionamentos em torno do futuro de Dani Dayan. Falando à Sputnik Brasil, o Professor Feldberg observa que a questão termina com uma espécie de mensagem subliminar por parte da autoridade israelense: “Ao designar Dani Dayan para servir nos Estados Unidos, o Governo de Israel mostrou ao Brasil que considera o episódio encerrado.”
“Acho que o desfecho desse episódio já era esperado, face à intransigência do Governo brasileiro em aceitá-lo como embaixador”, comenta Samuel Feldberg. “O Governo brasileiro mandou duas mensagens muito claras ao Governo israelense: primeiro, tinha restrições ao fato de um morador de um assentamento na região da Cisjordânia e, além disso, ex-líder do movimento que representa os colonos na Cisjordânia ser apontado com embaixador no Brasil; e, segundo, havia uma tecnicalidade que de certa forma legitimava a decisão brasileira, que foi o fato de o anúncio de Dayan como embaixador nomeado no Brasil não ter seguido o protocolo diplomático.”
“Um processo muito atrapalhado, muito pouco claro, que, de alguma forma, reflete o fato de ser o primeiro-ministro e não alguém de carreira que comanda hoje os procedimentos no Ministério das Relações Exteriores de Israel.”