Alguns habitantes tiveram sorte – as suas casas permaneceram intatas e a guerra não tocou nelas. Mas outros tiveram menos sorte porque terão de reconstruir as suas habitações em ruínas.
Um homem chamado Muhammed disse que, após a invasão do Daesh, a cidade viveu um dos períodos mais críticos na sua história.
“Foi um crime horrível que levou as vidas de centenas de civis. Eles obrigavam a população a fazer o que eles queriam. Eu agradeço ao nosso exército e a Rússia, cujos esforços conjuntos levaram à liberação da nossa cidade natal. Agora todos esperamos pelo fim da operação de desativação de minas para voltar às nossas casas”
“Deixamos a cidade literalmente algumas horas antes do Daesh assumir o controle total sobre ela. Os militantes enviaram dezenas de veículos minados para a cidade. Eu ainda continuo sem saber o destino de alguns dos meus próximos”, acrescentou.
“Os militantes do Daesh quando entraram na cidade privaram-me imediatamente do meu rebanho de ovelhas e cabras. Os terroristas queimaram a casa de um dos nossos vizinhos quando souberam que o dono da casa trabalhava nos correios estatais”, contou ele.
Um soldado do exército sírio, Aiham, por sua vez, também está a espera da desminagem total da cidade. Ele estava perto de al Nabk quando ouviu dizer que o exército sírio preparava uma ofensiva contra Palmira.
“Foi uma questão de honra para mim combater pela cidade onde nasci. Eu pedi que me incluíssem na lista dos que seriam enviados para a operação de liberação de Palmira. E agora vou me endereçar aos habitantes de Palmira: ‘Voltem, a nossa casa foi liberada!’”, disse o soldado sem poder esconder a emoção.
Aiham participou da batalha pelo Castelo de Palmira, que os militantes tentavam guardar para o controle do acesso à cidade.
O grupo terrorista Daesh (proibido na Rússia e reconhecido como terrorista pelo Brasil) autoproclamou-se "califado mundial" em 29 de junho de 2014, tornando-se imediatamente uma ameaça explícita à comunidade internacional e sendo reconhecida como a ameaça principal por vários países e organismos internacionais. Porém, o grupo terrorista tem suas origens ainda em 1999, quando um jihadista de tendência salafita, o jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, fundou o grupo Jamaat al-Tawhid wal-Jihad. Depois da invasão norte-americana no Iraque em 2003, esta organização começou a fortalecer-se, até transformar-se, em 2006, no Estado Islâmico do Iraque. A ameaça representada por esta entidade foi reconhecida pelos serviços secretos dos EUA ainda naquela altura, mas reconhecida secretamente, e nada foi feito para contê-la. Como resultado, surgiu em 2013 o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que agora abrange territórios no Iraque e na Síria, mantendo a instabilidade e fomentando conflitos.