A decisão de solicitar o impeachment foi adotada em reunião do Conselho Federal da OAB na qual apenas foram registrados dois votos contrários: o da Seccional da Ordem do Estado do Pará e o do conselheiro vitalício da OAB, Marcelo Lavenère, que, quando presidiu a entidade, foi um dos autores do pedido de impeachment do então presidente e hoje Senador Fernando Collor de Mello. O outro autor foi o falecido jornalista Barbosa Lima Sobrinho, na época presidente da ABI – Associação Brasileira de Imprensa.
Falando à Sputnik Brasil, Marcelo Lavenère explicou as razões de ter se posicionado contra a decisão do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil:
“Não há crime que possa ser imputado à Presidenta Dilma Rousseff. Além disso, a Ordem acrescentou ao pedido fatos relatados pelo Senador Delcídio Amaral em seu acordo de delação premiada, fatos que só foram expostos para possibilitar ao senador uma condenação menor pelos crimes a que está respondendo perante o Supremo Tribunal Federal.”
“A Ordem deveria ter levado em conta que esse atual pedido de impeachment corresponde a uma manobra política, corresponde a uma decisão político-partidária e não a uma posição da sociedade civil, da consciência ética e jurídica brasileira, contra um presidente que tenha perdido o decoro, que tenha cometido crimes indiscutivelmente, e sendo ele o principal objeto da investigação como foi no caso ex-Presidente Collor.”
Lavenère destaca que no caso atual “se fala que o Governo vai mal, que o Governo não teria executado devidamente o orçamento, que a presidente não poderia ter nomeado o ex-Presidente Lula como seu ministro, mas todas as acusações que são feitas não são daquele tipo que consistam num fundamento razoavelmente jurídico para que ela possa ser afastada”.