A guerra na Síria entra no seu sexto ano, e já conta quase 5 milhões de pessoas refugiadas, que tiveram que deixar o país e cruzar fronteiras internacionais para buscar proteção, enquanto outros 6,6 milhões de pessoas estão deslocados internamente na Síria.
De acordo com o ACNUR, mais de 10% desta população de 4,8 milhões de refugiados sírios já registrados que estão nos países vizinhos da Síria e no Norte da África necessitam ser reassentados em outras regiões do mundo. E com a continuidade do conflito na Síria, mais de 450 mil vagas de reassentamento serão necessárias até o final de 2018.
“Em fevereiro o encontro foi mais da questão financeira, de como a comunidade internacional pode se comprometer ou apoiar as operações humanitárias que atendem esses refugiados. A reunião de hoje tratou das questões operacionais, ou seja, o que fazer para solucionar ou mitigar as necessidades humanitárias dos milhões de pessoas vítimas da guerra na Síria.”
O evento desta quarta-feira também serviu como preparação para o encontro sobre refugiados que acontecerá na Assembleia-Geral da ONU, em setembro.
Luís Fernando Godinho também comentou as declarações do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que pediu a toda a comunidade internacional que se mobilize para receber os quase 500 mil refugiados da Síria até 2018. Para o representante do ACNUR, o comentário de Ban Ki-moon foi muito oportuno, porque os países vizinhos à Síria já estão além da capacidade e das condições para receber os refugiados sírios.
“O que se vê hoje, por um lado, é a consequência de um conflito que não se extingue, que não é negociado e solucionado. Por outro lado se vê também uma falência das respostas que vêm sendo dadas a essas pessoas, principalmente nos países vizinhos à Síria, que já possuem cerca de 4,8 milhões de refugiados sírios registrados. É importante que todos os países, que a sociedade global civil, incorporem essa responsabilidade e se movimentem, se juntem a esse esforço que tem sido feito para responder a essas necessidades.”
Em 2013, uma resolução do Comitê Nacional para Refugiados (Conare) facilitou a emissão de vistos de entrada no Brasil para cidadãos sírios e de outras nacionalidades afetados pela guerra na Síria. Em 2015, a medida foi prorrogada, e desde então cerca de 8 mil vistos já foram expedidos pelos consulados brasileiros, principalmente os localizados no Líbano, Jordânia, Turquia e Egito.
“O Brasil tem dado um exemplo muito importante para toda a comunidade internacional. O país estabeleceu um procedimento de vistos especiais para facilitar a entrada dessas pessoas aqui e, uma vez em território brasileiro, apresentar o seu pedido de refúgio e conseguir reconstruir a sua vida.”