Segundo Adrian Edwards, “apenas em 2015, 3.423 pessoas, a maioria delas de El Salvador e Honduras, buscaram refúgio no México. Houve um aumento de 164% comparado ao ano de 2013, e uma elevação de 65% desde 2014. Solicitações de refúgio de salvadorenhos aumentaram quase 4 vezes em comparação a este mesmo período. O México atualmente abriga 3.448 refugiados, a maioria deles vindos da América Central”.
Ainda de acordo com Edwards, “o número de solicitações de refúgio em outros locais da região, por parte das pessoas que fogem da violência em El Salvador, Honduras e Guatemala – o chamado Triângulo Norte da América Central – também aumentou exponencialmente. Costa Rica, por exemplo, registrou 2.203 solicitações de refúgio em 2015 – um aumento de 176% ao longo de 2013, e de 16% desde 2014. Estes solicitantes são principalmente de El Salvador. A Costa Rica abriga atualmente 3.616 refugiados”.
O porta-voz do ACNUR acrescentou que, “assim como nos anos anteriores, dados preliminares de 2015 mostram que os Estados Unidos continuavam sendo o principal país a acolher solicitações de refúgio do Triângulo Norte, podendo receber um incremento de 250% de solicitações comparado a 2013 e quase o dobro do total de 2014.”
Um dos países sugeridos por Adrian Edwards para acolhimento destes refugiados é o Brasil, que já recebe em condições especiais pessoas provenientes do Haiti e refugiados da guerra civil na Síria, que se arrasta por mais de 5 anos.
Yann Duzert, professor da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, e especialista em Resolução e Negociação de Conflitos Internacionais, explica que o apelo do ACNUR, em particular, aos países da América Latina se justifica porque “são vizinhos, e fica mais fácil receber esses imigrantes, faz sentido da perspectiva da facilidade e também da cultura, porque falam espanhol e podem ter uma integração um pouco mais rápida desses imigrantes que de fato são vítimas de violência e precisam de refúgio”.
Sobre o fato de que, considerando que o Brasil dedica atenção especial aos haitianos e mais recentemente aos refugiados da Síria, seria possível conceder o mesmo tratamento aos refugiados centro-americanos, o Professor Duzert vê lógica a respeito dos haitianos e a necessidade de controle em relação aos sírios.
“No caso dos haitianos, pode-se ver uma tentativa de integração regional, a tentativa progressiva, quem sabe, de tornar o Mercosul um mercado como a Europa, onde as pessoas vão poder circular com mais facilidade. Existe uma forma de coerência, de visão estratégica e política de integração das populações. Porém, sobre a Síria, consideramos a tragédia humanitária que é a Síria, nós temos que manter também um padrão de controle. A Europa está hoje reconsiderando sua política de aceitação de todos os imigrantes da Síria porque vêm terroristas, há risco de segurança nacional. A meu ver, para o Brasil existe uma necessidade de controle da Síria diferenciado do Haiti e de vizinhos como Guatemala, Honduras e El Salvador.”