Quando a Rússia retirou as suas forças da Síria, Moscou declarou que os objetivos principais haviam sido atingidos durante a operação.
Entretanto, a maior vitória da Rússia foi fortalecer a sua posição no palco internacional, escreve o The National Interest.
“Hoje a Rússia é o maior negociador nos assuntos relativos ao poder na Síria e Putin pode tentar usar os seus êxitos para atingir concessões sobre a Ucrânia e as sanções europeias. Washington deve ser cautela em relação a isso mas não deve ser impedido de trabalhar com a Rússia para parar a guerra civil na Síria“, sublinhou o autor.
Tendo retirado as forças da Síria, Putin deu um sinal para o Ocidente de que a Rússia é parte da resolução da crise na Síria. Além disso, Putin está prestes a chegar a um compromisso, o que é crucial para “a solução política multilateral” que os EUA querem atingir na Síria.
“Facilitando a resolução, Putin eleva mais a posição internacional da Rússia e a sua capacidade negocial”, diz-se no artigo.
“Para trabalhar de forma eficiente com a Rússia, os EUA devem reconhecer a consolidação da política externa e interna de Putin no futuro <…>. Não é necessário um jogo de soma zero entre os interesses da Rússia e dos EUA, mas entre o prestígio da Rússia e o prestígio dos EUA. O compromisso que seria benéfico para a imagem de Putin e os interesses norte-americanos não é impossível mas pode ser acompanhado com alguma pressão”, diz-se no artigo.
O autor do artigo nomeia três concessões que os Estados Unidos devem fazer para cooperar de modo eficiente com a Rússia na Síria.
Em primeiro lugar, Washington deve continuar adiando o assunto do destino de Bashar Assad. Se Assad fosse derrubado agora, isso somente incitaria o conflito ainda mais. Os EUA devem compreender que a transição de poder na Síria é um assunto de alguns anos e não meses.
Em terceiro lugar, os EUA devem estar abertos à ideia de que, após o fim da guerra na Síria, a Rússia continuará protegendo os seus interesses. Na opinião dos autores, se a Rússia compreender que não poderá manter nem a sua base naval, nem as relações económicas, nem o seu aliado no mundo árabe, não cooperará para chegar a uma solução.
Entretanto, ainda há uma alternativa à cooperação com a Rússia: uma tentativa de derrubar Assad usando a força. Seguindo este roteiro, os EUA terão de aumentar o apoio à oposição de árabes sunitas ou lançar uma operação militar ainda maior do que foi a invasão no Iraque em 2003.
A Rússia afirmou que agora não é um ator regional mas global. Os EUA devem reconhecer o novo papel russo nas relações internacionais para atingir os seus próprios interesses, concluem os autores.