A Síria é retratada pela mídia árabe como uma mulher ensanguentada, que se mantém de pé, apesar dos sofrimentos e das perdas. No entanto, entre todas as mulheres que participam de modo imediato da guerra, há algumas que a própria população síria destaca. Trata-se de correspondentes de guerra que, desde o primeiro dia do “caos armado” no país, arriscam as vidas para obter as informações em primeira mão das linhas de combate.
Essas mulheres, de capacetes e coletes a prova de balas com distintivo da imprensa, já inscreveram seus nomes na história da República Árabe da Síria e são verdadeiras defensoras do seu país.
A agência Sputnik entrevistou algumas correspondentes de guerra e perguntou, por que elas optaram por deixar a vida civil e se empenhar no trabalho no centro das ações militares.
Posso até morrer, mas consigo a imagem
“A mentira e a hipocrisia da mídia me provocou a ingressar na profissão de jornalista de guerra. Quando a mídia publicava fotografias forjadas de manifestações populares em Damasco, eu me dirigia imediatamente para as localidades mencionadas e fotografava toda a verdade. Para que as pessoas vissem que não havia manifestação alguma ali”, disse Samar.
“Me descloquei para a frente de Ghouta Oriental e comecei a trabalhar lado a lado com o meu marido, que morreu em 2013. Sua morte heroica me deu forças para continuar o seu trabalho e realizar a cobertura de todas as ações do nosso exército em outras frentes de batalha. Meu único objetivo é — morrer pelo país, ou apresentar a cobertura da nossa vitória”, complementou Samar.
Mesmo depois de ter sido seriamente ferida em resultado de ataques de mísseis e morteiros na região de Hama, Samar não cogita em abandonar a profissão. Ela afirma que o pensamento sobre os seus colegas que perderam a vida para cobrir o conflito do exército sírio com os terroristas não permite que ela se aposente.
“Mulher-bomba” com uma câmera
“Quando meu irmão morreu em batalha, isso serviu de convocação para mim. Naquela ocasião eu fiquei em frente a todos prometi que vou defender o meu povo com as minhas armas, com o jornalismo. Desde então eu sigo o tempo todo para a frente de batalha com os meus companheiros armados”, disse Aurora.
Seu trabalho começou quando uma das milícias populares armadas de apoio ao exército da Síria pediu para que se tornasse sua jornalista permanente. Ali ela demonstrou coragem e destemor à morte, filmando reportagens sobre as operações militares.
“Depois do que eu vi durante a guerra, compreendi que a vida é um caminho para a dignidade. A vida pode acabar em um segundo e aquilo que você deixa de si para as páginas da história é algo muito importante”, concluiu Aurora.