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Especialistas brasileiros analisam performance de Vladimir Putin na “Linha Direta”

© Sputnik / Evgeny Biyatov / Acessar o banco de imagensA linha direta com Vladimir Putin
A linha direta com Vladimir Putin - Sputnik Brasil
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O presidente da Rússia realizou nesta quinta-feira (14), o seu já tradicional programa anual “Linha Direta”, no qual responde às mais variadas perguntas de populares. Dois especialistas brasileiros analisam para a Sputnik os assuntos tratados por Vladimir Putin.

Durante 3 horas e 40 minutos, o Presidente Putin abordou inúmeros temas, respondendo, inclusive, a perguntas sobre sua vida pessoal.

O professor de Relações Internacionais Diego Pautasso, da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio Grande do Sul, acompanhou a entrevista e destacou os temas que mais chamaram a sua atenção:

"O presidente foi muito feliz ao abordar a posição da Rússia diante de graves questões como o combate da Força Aérea Russa ao Daesh na Síria; a resistência da Rússia ao embargo imposto por Estados Unidos, União Europeia e vários outros países diante da política russa para a Ucrânia; e a capacidade de recuperação da economia russa perante o mundo".

O também professor de Relações Internacionais Paulo Wrobel, da PUC-Rio e do BRICS Policy Center, além de destacar os mesmos aspectos da fala presidencial, ressaltou que "o Presidente Putin reafirma, a cada manifestação, a importância da Rússia no cenário global".

Diego Pautasso concorda com seu colega: 'Putin reafirma a assertividade que a Rússia voltou a ter na cena internacional, que está disposta a ser um ator-chave nos principais temas internacionais e que tampouco vai aceitar as tentativas ocidentais de isolá-la como um ator menor."

No tema da Crimeia, Pautasso destaca que "a abordagem do Presidente Vladimir Putin pareceu bastante adequada e firme".

Linha Direta com Vladimir Putin, Moscou, Rússia, 16 de aril de 2015 - Sputnik Brasil
Quais são os assuntos principais da Linha Direta com presidente russo?
"No documento de reintegração da Crimeia ele já havia destacado esses pontos fundamentais: que a Crimeia fez parte historicamente da Rússia, da União Soviética, e por razão bastante específica Kruschev a havia entregado à administração ucraniana. Inclusive, Putin entrou no campo do Direito Internacional nesse documento de reintegração da Crimeia, afirmando que é preciso que as regras tenham valor em todos os quadrantes. Naquela oportunidade ele destacou que os Estados Unidos defenderam um plebiscito voltado à independência de uma determinada região da Sérvia, no caso o Kosovo, e agora estavam contra um plebiscito em que uma determinada região da Ucrânia, por ampla maioria, fazia opção por uma determinada independência ou por outra determinada soberania. Nesse sentido, não resta dúvida de que se trata muito mais do que de uma questão de Direito Internacional, mas também de interesses bastante explícitos em áreas de influência e na defesa de interesses nacionais e de segurança" – diz Pautasso.

O Professor Diego Pautasso comentou também o tema abordado por Putin em relação à atuação da Força Aérea russa na Síria:

Presidente russo Vladimir Putin durante a Linha Direta no estúdio no complexo Gostiny Dvor, no centro de Moscou, perto do Kremlin, Moscou, Rússia, 14 de abril de 2016 - Sputnik Brasil
Linha Direta: Vladimir Putin responde a perguntas ao vivo
"A Rússia deu uma demonstração de força, de assertividade, e de que suas Forças Armadas estão aptas ao pronto emprego. Isso é uma demonstração operacional, e do ponto de vista político, ou geopolítico, ela levou a cabo seu interesse declarado desde o início da Primavera Árabe na Síria, que era dar suporte à sustentação ao regime de Bashar Assad, considerando que ele era o mais viável e o mais importante para a estabilidade do país, e que os grupos dissidentes, ao invés de defensores da democracia, eram, na verdade, grupos fundamentalistas que poderiam causar uma grande desestabilização não só da Síria e do Iraque mas de outras regiões do mundo. O que foi exatamente que aconteceu não só pela violência empregada pelo atos de terror que se espalharam inclusive pela Europa, mas pela desestabilização e pela onda de refugiados que não foi só para a Europa, com um milhão de pessoas, mas também para os países vizinhos, Jordânia e Líbano, que estão abarrotados de pessoas sem perspectivas depois da guerra civil. Sem falar dos quase 7 milhões de deslocados no interior do próprio território sírio."

Sobre a mesma questão síria, o Professor Paulo Wrobel comenta:

"O Presidente Putin saudou o retorno das forças militares russas que durante um período em torno de seis meses bombardearam as posições do Daesh e outras posições. A posição do presidente é de que foram alcançados os objetivos estratégicos que teriam levado à intervenção das tropas russas. Eu chamaria a atenção para esses pontos: certamente que as tropas contribuíram no sentido do objetivo estratégico mais importante do ponto de vista mundial, que seria de enfraquecer o Daesh. Acho que isso é do interesse da comunidade internacional como um todo, e quem puder contribuir para isso, do ponto de vista militar e do ponto de vista político, é bem-vindo porque nós sabemos, acho que já há um consenso internacional, de que o Daesh é um mal absoluto e que não tem lugar no mundo de hoje. E o Daesh cresceu e continua se desenvolvendo em função de um vácuo de poder tanto na Síria como no Iraque. Isso eu destacaria que é o lado mais positivo da atuação recente militar russa na Síria".

A Linha Dereta com o Presidente Vladimir Putin - Sputnik Brasil
Número de perguntas feitas a Putin se aproxima de dois milhões
A respeito das sanções impostas à Rússia como consequência da reintegração da Crimeia, o Professor Paulo Wrobel observa que "ficou claro na fala do Presidente Putin que ele as considera um absurdo, causa uma revolta muito grande".

"Do ponto de vista ocidental, eu entendo que a reafirmação das sanções comerciais são uma forma de colocar pressão", afirma Wrobel. "O objetivo de sanções comerciais é de sempre exercer uma forma de pressão econômica que se transforma numa pressão política, no sentido de abrir algum tipo de negociação. Acho que ninguém duvida que a reintegração da Crimeia se transformou num fato consumado. Já há obras de engenharia sendo feitas para ligar a península ao continente, trata-se de um fato consumado. Eu entendo que a renovação das sanções pelo Presidente Obama, que tem tido uma posição cautelosa em muitos outros aspectos nas relações bilaterais com a Rússia, significa exatamente essa tentativa dos EUA e de outros países ocidentais de manter as pressões políticas sobre a Rússia" – explica Wrobel.

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