Durante 3 horas e 40 minutos, o Presidente Putin abordou inúmeros temas, respondendo, inclusive, a perguntas sobre sua vida pessoal.
O professor de Relações Internacionais Diego Pautasso, da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio Grande do Sul, acompanhou a entrevista e destacou os temas que mais chamaram a sua atenção:
"O presidente foi muito feliz ao abordar a posição da Rússia diante de graves questões como o combate da Força Aérea Russa ao Daesh na Síria; a resistência da Rússia ao embargo imposto por Estados Unidos, União Europeia e vários outros países diante da política russa para a Ucrânia; e a capacidade de recuperação da economia russa perante o mundo".
O também professor de Relações Internacionais Paulo Wrobel, da PUC-Rio e do BRICS Policy Center, além de destacar os mesmos aspectos da fala presidencial, ressaltou que "o Presidente Putin reafirma, a cada manifestação, a importância da Rússia no cenário global".
Diego Pautasso concorda com seu colega: 'Putin reafirma a assertividade que a Rússia voltou a ter na cena internacional, que está disposta a ser um ator-chave nos principais temas internacionais e que tampouco vai aceitar as tentativas ocidentais de isolá-la como um ator menor."
No tema da Crimeia, Pautasso destaca que "a abordagem do Presidente Vladimir Putin pareceu bastante adequada e firme".
O Professor Diego Pautasso comentou também o tema abordado por Putin em relação à atuação da Força Aérea russa na Síria:
Sobre a mesma questão síria, o Professor Paulo Wrobel comenta:
"O Presidente Putin saudou o retorno das forças militares russas que durante um período em torno de seis meses bombardearam as posições do Daesh e outras posições. A posição do presidente é de que foram alcançados os objetivos estratégicos que teriam levado à intervenção das tropas russas. Eu chamaria a atenção para esses pontos: certamente que as tropas contribuíram no sentido do objetivo estratégico mais importante do ponto de vista mundial, que seria de enfraquecer o Daesh. Acho que isso é do interesse da comunidade internacional como um todo, e quem puder contribuir para isso, do ponto de vista militar e do ponto de vista político, é bem-vindo porque nós sabemos, acho que já há um consenso internacional, de que o Daesh é um mal absoluto e que não tem lugar no mundo de hoje. E o Daesh cresceu e continua se desenvolvendo em função de um vácuo de poder tanto na Síria como no Iraque. Isso eu destacaria que é o lado mais positivo da atuação recente militar russa na Síria".
"Do ponto de vista ocidental, eu entendo que a reafirmação das sanções comerciais são uma forma de colocar pressão", afirma Wrobel. "O objetivo de sanções comerciais é de sempre exercer uma forma de pressão econômica que se transforma numa pressão política, no sentido de abrir algum tipo de negociação. Acho que ninguém duvida que a reintegração da Crimeia se transformou num fato consumado. Já há obras de engenharia sendo feitas para ligar a península ao continente, trata-se de um fato consumado. Eu entendo que a renovação das sanções pelo Presidente Obama, que tem tido uma posição cautelosa em muitos outros aspectos nas relações bilaterais com a Rússia, significa exatamente essa tentativa dos EUA e de outros países ocidentais de manter as pressões políticas sobre a Rússia" – explica Wrobel.