Segundo diversos analistas econômicos, com uma eventual mudança na equipe econômica, o pragmatismo deve ser a palavra-chave da nova administração.
O sócio da E2 Economia.Estratégia, Celso Toledo, diz que, no exterior, quem olhar com um pouco mais de cuidado verá que todo o processo de impeachment, apesar de turbulento e de gerar incertezas, tem se dado de acordo com o que está na regra.
Na opinião de Toledo, o mercado financeiro tende a ter esperança de que a política econômica melhore com o afastamento da presidente, mas vai ficar com um pé atrás na questão da estabilidade política do país.
“Creio que não haverá qualquer alteração em relação a acordos diretos firmados entre o Brasil e outros países, seja no âmbito da União Europeia, seja no dos BRICS. Pelo contrário. Rússia e China, por exemplo, são dois players fundamentais no cenário internacional. Agora, aquela coisa de usar o Mercosul para fazer política, fazer uma aliança com a conotação de ser uma contraposição à dominância dos Estados Unidos, não deve continuar. A relação deve ser mais pragmática.”
O sócio da E2 admite, no entanto, que a imagem do Brasil hoje no exterior, do ponto de vista econômico, não é boa. Isso porque o país está em recessão, teve suas notas de crédito rebaixadas pelas agências de avaliação de risco, como Fitch, Standard&Poor’s e Moody’s, e tem mostrado muita instabilidade política.
Segundo o consultor, ocorrendo o impeachment também no Senado, a postura do Brasil em relação aos acordos comerciais tende a dar um passo em direção ao pragmatismo.
“Na eventualidade de Temer assumir o Governo e tiver condições políticas de fazer avançar sua agenda – o que também é uma grande questão –, o movimento passa a ser mais pragmático. Por definição, como houve maioria absoluta na Câmara na aprovação do impeachment, num primeiro momento, em tese, ele tem apoio para as mudanças.”