A emissão dos bônus foi a maior em 16 anos da história do país.
O Governo ofereceu títulos (bonares) com prazos de 5, 10 e 30 anos, e, apesar do aumento da credibilidade externa desde a posse do Presidente Mauricio Macri, o país vai pagar juros de 7% ao ano, bem acima dos 4% obtidos pela última emissão feita pela Bolívia.
A colocação começou por Londres, seguindo depois por Washington, Boston e Los Angeles, com a intermediação dos bancos selecionados para assessorar a oferta: Deutsche Bank, HSBC, JP Morgan BBVA, Citigroup UBS e Santander, que receberão comissão de 0,18%.
A boa aceitação dos bonares é explicada por Istvan Krasznar, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pela substituição da Presidente Cristina Kirchner por Macri nas últimas eleições.
“Macri sinalizou que seria muito mais liberal e, sobretudo, orientado para satisfazer ao mercado competitivo. Ele começou a criar mais confiabilidade no segmento empresarial tanto internamente quanto no exterior. Essa mudança ocorre na Argentina praticamente após 30 anos seguidos de governos peronistas. Se isso se confirma, passa a fazer muito sentido o apoio do capital internacional. Não é à toa que esse papel, o bonar, passa a ter uma atração significativa num ambiente mundial onde as taxas de juros estão extremamente baixas. Nos Estados Unidos, por exemplo, receber 1% a 2% (ao ano) para títulos públicos é até raro e difícil” – explica Krasznar.
“A minha grande preocupação é que exige um litígio muito grande com relação aos fundos especulativos, e, mesmo que se crie algum acordo com eles, a realidade é que, infelizmente, a Argentina não tem sido uma boa pagadora. Nesta era em que acabou a bonança dos preços das commodities altos (trigo, milho, soja, carne), porque a demanda mundial agregada caiu, é uma preocupação se a Argentina pagará bem esses bonares até 2024” – conclui Krasznar.