Formulado pelos juristas Miguel Reale Jr., Hélio Bicudo e Janaína Paschoal, o pedido de impeachment foi acolhido na Câmara dos Deputados por 367 votos contra 137, 7 abstenções e 2 ausências. A votação aconteceu no domingo, 17.
Desde então, são numerosas as visitas de políticos a Temer, assim como de empresários, notadamente os ligados à FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), com destaque para o presidente da entidade, Paulo Skaf.
Sputnik Brasil ouviu parlamentares a favor e contra o Governo, sobre as articulações do vice-presidente. Para o Deputado Federal Vicente Cândido (PT-SP), “Michel Temer está cometendo uma grande deselegância com a Presidenta Dilma Rousseff, esquecendo que ainda há várias fases rituais no Senado Federal até o possível julgamento da presidente. Essas articulações fazem parte do golpe”.
Já o Deputado Nílson Leitão (PSDB-MT) sustenta que “o momento exige muita cautela, principalmente por parte dos partidos de oposição. Mesmo sabendo que a presidente da República responde a processo de impeachment por crime de responsabilidade, os oposicionistas devem agir com muito tato e sem precipitação”.
O petista Vicente Cândido condena as ações de Michel Temer, e comenta que o vice-presidente “está muito sintonizado com os promotores do golpe, que são os empresários, sobretudo de São Paulo, que financiaram tudo isso, que financiaram o processo de impeachment, as mobilizações”.
O deputado por São Paulo diz ainda que o discurso de Michel Temer o faz assumir o compromisso de que não mexerá na carga tributária.
“Isso mostra que o Brasil continuará sendo um país muito injusto nessa matéria, na distribuição de renda e sobretudo na tributação, que é muito injusta e deveria ser revista, tributando quem tem renda e quem tem patrimônio e liberando tributos para os assalariados e sobretudo para a classe média. Isso mostra uma posição conservadora dos empresários e muito pequena do vice-presidente, assumindo compromissos dessa natureza em um país que tributa mal e injustamente”, conclui Vicente Cândido.
Por sua vez, o Deputado Nílson Leitão (PSDB-MT) lembra que “ainda existe um processo para terminar com o impeachment e ter de fato um novo presidente no Brasil, que seria, no caso, Michel Temer, na posição de vice”.
“Eu acho que ele [Temer] está fazendo exatamente os movimentos que qualquer um que tivesse a expectativa de assumir faria, de tentar conversar com todos os setores, com aqueles que buscaram o impeachment mas, principalmente, com os setores que precisam, que desejam ver o Brasil melhor”, acrescenta Nílson Leitão. “E é isso que ele tem feito, com empresários, com setores da área jurídica, da área empresarial. Isso faz, de fato, uma diferença de entender que o Brasil precisa de socorro e Michel Temer terá que ter essa sensibilidade e perceber que assumir o país nesse momento é assumir um país que está totalmente fragilizado, sem crédito, com a população com uma falta de esperança enorme.”