"Bout era um ex-traficante de armas, mas no momento da detenção, ele ficou praticamente aposentado", afirmou Scheindlin.
"Essa pessoa ficou metida no negócio, foi-lhe oferecido um monte de dinheiro. Eu lhe dei a pena mínima possível", disse a juíza federal, citada pelo jornal. Scheindlin, com 22 anos de experiência, se aposentou em 27 de abril.
A justiça americana, que funciona na base do conceito de precedente judicial, já possuía um veredito contra um traficante de armas, que estabeleceu o limite mínimo da pena de prisão em 25 anos. Por isso, segundo a legislação estadunidense, não poderia o condenar a um prazo menor, explicou Scheindlin ao jornal.
De acordo com a esposa do empresário, Alla Bout, Shira Scheindlin realmente reconheceu que o caso contra o russo foi fabricado.
"Tudo foi fabricado pela inteligência e promotoria americana para apresentar o caso de tal maneira que viole a legislação antiterrorismo dos EUA para que a juíza independente e intransigente não pudesse condenar Viktor a um prazo menor de 25 anos, mesmo sabendo que a sentença não correspondia à culpa", disse Alla Bout.
Shira Scheindlin tem 69 anos. Juiz ou juíza federal é cargo vitalício nos EUA, mas a pessoa pode se aposentar por decisão própria. A aposentadoria de Scheindlin é ligada pelos analistas americanos à sua decisão de 2013 de ilegalizar as revistas de pessoas "suspeitas" nas ruas. Esta decisão provocou muita crítica na altura.
Viktor Bout foi detido em Bangkok em março 2008, depois de uma provocação, organizada pela inteligência estadunidense: os informantes da CIA agiram como representantes do grupo Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e conversavam com o russo em um hotel de Bangkok um possível contrato para o fornecimento de mísseis terra-ar portáteis que, supostamente, necessitavam para "destruir helicópteros norte-americanos na Colômbia".
"A culpa de Bout não foi provada, ele simplesmente foi condenado para o prazo de 25 por intenção, o que também não foi confirmado. O caso inteiro desde o início até o final foi politizado <…> Vamos continuar os nossos esforços e apoiar os advogados de Bout para rever o caso. О procedimento de apelação está em andamento. Vamos continuar fazendo tudo possível para devolver Viktor à Rússia. Tem poucos mecanismos de direito internacionais para fazê-lo, mas vamos continuar tentar usá-los", disse Konstantin Dolgov, representante especial para os Direitos Humanos do Ministério russo das Relações Exteriores da Rússia, à emissora Rossiya 24.