A viagem foi possível após os EUA suspenderem parte do embargo imposto à ilha nos anos 60,após a chegada ao poder do regime socialista de Fidel Castro. Em março, após a visita histórica do presidente Barack Obama ao presidente Raul Castro, muitos dos entraves começaram a ser removidos. A partir de agora, com o abrandamento de mais sanções, a expectativa é que o fluxo anual de turistas americanos à Cuba, hoje de 600 mil visitantes por ano, dobre a curto e médio prazo.
Os passageiros que embarcaram nessa viagem do Adonia tiveram que abrir mão da economia para ingressar no seleto grupo dos primeiros turistas anericanos a visitar a ilha após o abrandamento do embargo. A passagem mais barata, em cabine dupla interna, custou US$ 1.800 por um trajeto de sete dias que inclui visita a Havana, Cienfuegos e Santiago de Cuba, ondeos visitantes serão recepcionados por artistas, músicos e terão aulas de dança e excursões guiadas pelos principais pontos históricos e turísticos. Para quem fez questão de viajar em grande estilo, suítes de luxo custaram pouco mais de US$ 7 mil.
Até o Adonia zarpar de Miami, contudo, foi necessária uma longa negociação de ambas as partes. Do lado do governo cubano, foram removidas as restrições para as viagens marítimas dos cubanos saindo de Cuba ou vindos dos EUA. Do lado da Carnival, a empresa concordou em aceitar cubano-americanos na tripulação, o que antes era proibido. A empresa observa, no entanto, que os cubanos que migraram para os EUA antes de 1971 ainda precisam de um visto especial para a viagem. Os que saíram após aquela data podem viajar com seus passaportes cubanos, assim como fazem hoje nos deslocamentos aéreos entre os dois países.
Com o sucesso dessa primeira viagem, a Carnival pretende realizar cruzeiros com duração de uma semana, que sairão a cada 15 dias, sempre dando ênfase ao chamado "intercâmbio cultural entre os dois países", dentro do processo de degelo bilateral que começou em dezembro de 2014.
Aqui no Brasil, a volta dos cruzeiros marítimos partindo dos EUA para Cuba anima o mercado, embora representantes do setor afirmam que muito ainda ser investido no país antes que esse novo polo de turismo possa beneficiar o Brasil. O presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (ABAV Nacional), Edmar Bull, prevê que os turistas brasileiros também possam ser beneficiados com a volta dos cruzeiros a Cuba.
"O Nordeste também pode ser beneficiado, mas primeiro o governo tem que montar uma certa estrutura, porque nossos portos têm problemas estruturais. Com uma boa estrutura, com certeza as companhias internacionais vão fazer o nosso litoral indo para Cuba. O turismo ganhará muito com isso, não só da ida de brasileiros para Cuba, como de Cuba para o Brasil."
Segundo o dirigente da ABAV, é preciso melhorar e reorganizar não só os portos, como os aeroportos e a infraestrutura para trazer mais turistas do exterior para cá.
"Apesar da visibilidade da Copa do Mundo e dos Jogos (Olímpicos), a gente perdeu a oportunidade de trazer mais turistas para o Brasil. O segundo menor orçamento do governo é o do Ministério do Turismo."