Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, encontrando-se a uma distância média de 58 milhões de quilômetros do astro. Seu diâmetro é de 4.780 quilômetros, e sua volta em torno do Sol se completa a cada 88 dias. Portanto, segundo os astrônomos, o planeta passa a cada 116 dias entre a Terra e o Sol e, devido à inclinação de sua órbita ao redor do Sol e em relação à órbita da Terra, tem-se a impressão de que ele está acima ou abaixo do Sol na maior parte do tempo.
Ainda de acordo com os astrônomos, a passagem de Mercúrio à frente do Sol é pouco frequente, costumando ocorrer 13 ou 14 passagens em cada século. A passagem anterior à desta segunda-feira aconteceu em 2006, e as próximas passagens estão previstas para novembro de 2019, novembro de 2032 e maio de 2049.
O fenômeno é considerado raro porque, na avaliação dos astrônomos, “exige um alinhamento quase perfeito do Sol, de Mercúrio e da Terra".
No Brasil, ele foi observado entre 8h12min e 15h42min, pelo horário de Brasília.
O físico Marcelo Souza, professor da UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense) e presidente do Clube de Astronomia de Campos, analisou o fenômeno em entrevista à Sputnik Brasil, revelando que ele atraiu as atenções da comunidade científica internacional pelos longos intervalos em que acontece e por permitir o registro deste alinhamento perfeito entre o Sol e os dois planetas, Terra e Mercúrio. “Mercúrio e Vênus são planetas que estão localizados entre a Terra e o Sol. Algumas vezes, quando eles cruzam o plano da órbita da Terra com o Sol, se a Terra estiver também na direção em que eles estão cruzando, eles se localizam entre a Terra e o Sol e nós observando da Terra vemos esses planetas passando na frente do Sol. É o que está acontecendo hoje. O trânsito é a passagem do planeta na frente do Sol quando observado a partir da Terra.”
À pergunta sobre a possibilidade de observar o fenômeno a olho nu, Marcelo Souza responde que não, “porque o planeta Mercúrio é muito pequeno e está bem distante da Terra. Nós utilizamos equipamentos especiais que aumentam a imagem para essa observação do Sol e que protegem nossos olhos. Ele filtra 99,9% da luz do Sol”.
Assim, o maior interesse, segundo o professor da UENF, é para quem trabalha na área da astronomia e da astrofísica, “porque é um fenômeno que faz com que possamos mostrar que os modelos que estamos utilizando fazem as previsões corretas do movimento dos planetas. Podemos prever quando esses objetos, esses astros, vão estar em determinada posição no céu, e isso tem sido feito com precisão, como estamos vendo hoje: iniciou e encerrou no momento previsto. Mostra o domínio que temos desses modelos”.