Para Nelton Friedrich que durante a elaboração da Constituição de 1988, era representante do PMDB do Paraná, a democracia brasileira está em risco. Friedrich ressaltou que nem sempre um golpe se faz através do uso de armas.
“A democracia que está aí, portanto, ela está em perigo. Não é aquele perigo do tipo aportarem aqui navios em uma operação brother sun, que todos conhecem e sabem como é que foi a participação dos Estados Unidos no golpe militar de 1964. O perigo que nós estamos tendo, é o perigo dessa sofisticação de retrocessos. É uma sofisticação, porque eles se apropriam do discurso democrático, e isso é perigoso, para fazer na essência do que vem depois, entre outras iniciativas a retirada, por exemplo, de direitos sociais," criticou Friedrich.
Já o ex-deputado maranhense Haroldo Sabóia, que também foi constituinte pelo PMDB criticou a atuação da mídia no processo de impeachment, destacando que o país nunca teve uma concentração tão grande de poder nas mãos dos meios de comunicação.
“As páginas de jornais de 1964 ninguém falava em golpe, eles falam em defesa e retomada da democracia. Hoje, nós estamos vivendo uma situação, que de certa forma é mais complexa e refinada, porque ela não tem a truculência das armas visíveis, mas tem a arma da censura. Nós nuca vivemos na história do Brasil um poder de imprensa tão monolítico como nós vivemos hoje”, lamentou Sabóia.
Líderes sindicais também estiveram presentes na audiência, e o presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), José Calixto Ramos chamou a atenção para a grande preocupação dos movimentos sindicais sobre o perigo do retrocesso nas políticas sociais e nas conquistas trabalhistas no país.
“O movimento sindical sendo o instrumento de defesa dos direitos e interesses da coletividade em geral e principalmente da classe trabalhadora deve retomar e aumentar o seu pragmatismo, a fim de evitar ou ao menos reduzir os retrocessos sociais.”
O diretor para Assuntos Técnicos e Comunicação da Fenafisco – Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital, Charles Johnson da Silva Alcântara também acredita que o trabalhador vai ser o maior prejudicado no processo de impeachment.
“Vira e mexe onde é que vão buscar saída para a crise? Retirando exatamente de quem já ganha tão pouco e já paga tanto.”
A Comissão de Direitos Humanos também recebeu na audiência psicólogos e estudantes da área, que fazem parte do movimento Psicólogos pela Democracia Brasileira – Coletivo Lara Lavelberg, que entregaram uma carta aberta à Comissão condenando o possível impeachment de Dilma Rousseff.
No documento, que será encaminhado a todos os senadores pela presidência da Comissão de Direitos Humanos da Casa, o movimento diz que em uma democracia as insatisfações com o projeto político-econômico de um governo não justificam a sua deposição. O Movimento lembra ainda na carta, que a Presidenta foi eleita com 54 milhões de votos legítimos.