A informação foi passada à Sputnik pelo diretor da área internacional da CUT, Antônio Lisboa, que vê um crescimento exponencial das manifestações contra o presidente interino, Michel Temer, e seu novo ministério. Segundo Lisboa, os protestos contra o rebaixamento do Ministério da Cultura (MinC) a nível de secretaria subordinada ao Ministério da Educação (MEC), o panelaço ocorrido em várias capitais durante o primeiro pronunciamento de Temer na TV e a transcrição do diálogo entre Jucá e Machado legitimam a reação da sociedade.
"Já era de se prever que, caso o afastamento da presidenta se confirmasse e o golpe avançasse, a população, os trabalhadores e os democratas no país não iriam aceitar facilmente um golpe de estado parlamentar nos moldes com que foi feito no Brasil. Vários estudiosos e sociólogos chegaram a prever que, caso isso se concretizasse, esse nível de manifestação aconteceria e que não seria fácil de parar. Alguns diziam que isso ia demorar um mês, porque haveria uma certa letargia. Na verdade não foi nada disso. Já na primeira semana, a juventude, os movimentos culturais e sindicatos começaram a se manifestar e isso vem crescendo de forma incrível. Começou com o panelaço (no primeiro pronunciamento do presidente Temer na TV) e neste fim de semana com grandes manifestações no país inteiro."
"Com essas notícias que a imprensa divulga hoje (da gravação do ministro do Planejamento, Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado) isso só comprova o que vinhamos dizendo: o golpe parlamentar tinha três pilares, um político, em função dos interesses estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos com relação à região; um pilar econômico ligado às transnacionais; e o nacional, com as elites brasileiras tentando barrar a Lava Jato, porque isso iria chegar aonde eles não querem que chegue. Não tenho dúvida de que essas notícias vão acelerar ainda mais o nível de mobilização e de enfrentamento ao golpe."
"A executiva da CUT vai se reunir e estaremos trabalhando para construir uma greve geral no Brasil. A data ainda não está definida e deverá levar algum tempo, porque não se tem no Brasil uma tradição de greve geral. Geralmente as greves no país são setoriais, acontecem muitas e às vezes ao mesmo tempo", disse o dirigente da CUT, que rebateu as notícias de que a central estaria preparando um documento com propostas para serem entregues ao governo no âmbito da já anunciada reforma da Previdência.
"Não sei qual foi a intenção dos dois jornais (de São Paulo) ou se foi alguém que plantou isso. Não há nenhum indício de recuo com relação à posição da CUT, que não negocia retirada de direitos e não reconhece o governo golpista."