“Podem falar o que quiserem: o Eduardo Cunha é a pessoa central do governo Temer. Isso ficou claríssimo agora, com a indicação do André Moura. Cunha não só manda: ele é o governo Temer. E não há governo possível nos termos do Eduardo Cunha”, disse Rousseff ao jornal, mencionando o deputado ligado a Cunha e agora líder do governo Temer na Câmara.
A presidente afastada também disse que os motivos para seu impeachment estão ficando cada vez mais claras, fazendo referência às conversas telefônicas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com os senadores Romero Jucá, Renan Calheiros e o ex-presidente José Sarney.
“Eles mostram que a causa real para o meu impeachment era a tentativa de obstrução da Operação Lava Jato por parte de quem achava que, sem mudar o governo, a ‘sangria’ continuaria. A ‘sangria’ é uma citação literal do senador Romero Jucá. Outro dos grampeados diz que eu deixava as coisas correrem. As conversas provam o que sistematicamente falamos: jamais interferimos na Lava Jato. E aqueles que quiseram o impeachment tinham esse objetivo. Não sou eu que digo. Eles próprios dizem.”
Sobre os boatos de que Marcelo Odebrecht acusará a ex-presidente de pedir dinheiro a ele para sua campanha em 2014, Rousseff não se mostrou preocupada.
“Eu jamais tive conversa com o Marcelo Odebrecht sobre isso. (…) Eu paguei R$ 70 milhões para o (marqueteiro) João Santana, tudo declarado para o TSE. Onde é que está o caixa dois?”