Wang Yilin, presidente da CNPC, entrevistado pela emissora russa Rossiya 24 informou que a estatal chinesa estaria interessada em adquirir ações da petrolífera russa, a serem vendidas ainda este ano pelo governo da Rússia. Entretanto, o petroleiro chinês adiantou as condições de tal investimento – a CNPC quer participar da gestão da estatal russa.
"Se aumentarmos a nossa participação, gostaríamos ainda de obter o direito de participar da gestão da empresa, em conformidade com a cota de ações adquirida. Esperamos que o formato da participação, assim como as competências, sejam refletidos na proposta russa", disse o presidente.
Parceiro estratégico
A CNPC adquiriu um primeiro pacote de ações da petrolífera russa no verão de 2006, quando a Rosneft passou pelo processo de IPO (emissões públicas iniciais). Gastou naquela vez 500 milhões de dólares (BRL 1,8 bi) na compra de 0,62% das ações.
O Governo da Rússia está planejando realizar até o final deste ano a privatização de 19,5% de ações da Rosneft. O ministro Ulyukaev, de Desenvolvimento Econômico, disse em 24 de maio que a meta fiscal negativa de 3% somente será cumprida se acontecer esta venda. O banco italiano Intesa Sanpaolo foi escolhido para ser o consultor do negócio. De acordo com a bolsa de Moscou, o pacote de 19,5% das ações da Rosneft é avaliado de em torno de 664 bilhões de rublos (BRL 36,36 bi).
O assessor do Presidente da Rússia e presidente do conselho de diretores da Rosneft Andrei Belousov, antecipou anteriormente, que a venda do pacote integral de 19,5% de ações da petrolífera a um investidor estratégico é considerada como opção prioritária da privatização. Pois, segundo ele, permitirá obter o prémio máximo desta venda.
Como gerir a Rosneft
A representação da CNPC na Rússia não especifica de que "participação" na gestão da estatal russa se trata.
O conselho diretor da Rosneft é composta de 9 pessoas, sendo sete destes – o presidente executivo Igor Sechin, o assessor do presidente da Rússia Andrei Belousov, o presidente executivo de Gazprombank Andrei Akimov, o ministro da Energia Aleksander Novak, o diretor executivo da Nord-Stream (Corrente do Norte) AG Matthias Warnig, o ex-conselheiro da Morgan Stanley na Rússia Oleg Vyuguin e o ex-vice-presidente da ExxonMobil Donald Humphreys – nomeados pelo governo russo, e outros dois pela petrolífera britânica BP – Robert Dudley, presidente da BP e o brasileiro Guillermo Quintero, ex-presidente da BP Energy do Brasil e BP Brasil entre 2010 e 2015, que representou a petrolífera no Brasil, Uruguai, Venezuela e Colômbia.
Desde 2013, a diretoria da Rosneft não pode colocar na pauta dos sócios as votações sobre certos assuntos-chave, sem receber a autorização da BP, pois alterações introduzidas nos Estatutos da empresa exigem que questões de reorganização da estatal, aumento da capitalização e negócios grandes sejam aprovadas por 8 dos 9 diretores. As alterações foram introduzidas depois da compra por parte da Rosneft dos ativos da TNK-BP e aumento da participação da petrolífera britânica na estatal russa de 1,25 a 19,75%.
Sócios com mais de 10% de ações já tem direito de convocar reuniões extraordinárias, efetuar revisão das atividades econômicas e financeiras da empresa e pedir eleições antecipadas da diretoria. Obtendo 11,1% de ações, a chinesa pode garantir sua participação no conselho diretor. Já com participação acima de 20%, pode garantir duas pastas no conselho.