De acordo com o senador petista, as duas Frentes têm como principal objetivo defender direitos. A dos Trabalhadores, em razão do anunciado estímulo às gestões diretas entre empregados e empregadores, "fazendo prevalecer o acordado sobre o legislado", além da tão propalada flexibilização das leis trabalhistas. Já a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social é lançada num momento em que o Governo discute uma ampla reforma do setor, enrijecendo as regras para concessão de aposentadorias.
Falando à Sputnik Brasil, o Senador Paulo Paim disse que a Frente da Previdência se notabilizará por diversas campanhas que fará em todo o Brasil e por uma atuação rigorosa no Congresso Nacional, "buscando impedir perda de direitos e maior imposição de sacrifícios tanto aos aposentados como aos que estão prestes a se aposentar, e também aos que estão entrando no mercado de trabalho”.
“[As duas Frentes] são dois pontos básicos: nós somos contra terem fechado o Ministério da Previdência e não aceitamos a retirada de direitos dos trabalhadores como eles [o Governo interino] querem, aumentando a idade para 65 anos e retirando o vínculo do salário-mínimo ao benefício dos aposentados e daqueles que têm direito aos benefícios.”
O Senador Paulo Paim informa que no momento em que concede a entrevista à Sputnik “o Plenário Petrônio Portela está lotado. Mais de cinquenta entidades se fazem presentes, centrais, federações, confederações, e todas falando a mesma linha: vamos fazer mobilizações nos Estados para pressionar, para exigir que não mexam no direito dos trabalhadores e no nosso Ministério da Previdência”.
Paulo Paim diz entender que a reforma previdenciária do presidente interino Michel Temer vai prejudicar trabalhadores na ativa, além das pessoas que se preparam para entrar no mercado de trabalho. “Eles [o Governo interino] já soltaram uma nota hoje dizendo que querem aumentar a idade, aumentar as contribuições e diminuir o valor a ser ganho pelo trabalhador, daqueles principalmente que estão vinculados ao salário-mínimo, que são os que mais precisam, onde ficam 80% dos trabalhadores.”
“É unânime, entre todas as lideranças que estão aqui, de homens, de mulheres, que temos que fazer um grande movimento em nível nacional”, afirma Paim. “Hoje mesmo, na maioria dos Estados está havendo manifestações, está havendo abraços aos prédios da Previdência, exigindo que não mexam no direito dos trabalhadores. É uma grande mobilização que vai acontecer em todo o país contra o Governo provisório e contra aquilo que estão querendo fazer, que é retirar direito dos aposentados e mexer na CLT [Consolidação das Leis do Trabalho].”
Sobre a ideia de que a reforma causaria prejuízo aos atuais aposentados e pensionistas da Previdência Social, o senador do PT gaúcho garante que sim, que “causa para todos, porque, no momento em que não admite mais que o reajuste acompanhe o crescimento do salário-mínimo, vai fazer com que existam dois salários-mínimos, um para quem está na ativa e outro para quem está aposentado. E o do aposentado vai ser bem menor do que o daquele que está na ativa. Hoje o salário-mínimo é o mesmo”.
À pergunta de como vê a análise de alguns comentaristas econômicos que dizem que a Previdência Social é superavitária, o Senador Paim comenta:
“Está comprovado, pelos analistas que falam aqui nesta tarde, que a nossa Previdência – que fica na seguridade, onde estão saúde, assistência e previdência – tem um superávit, em média, de 54 bilhões. Houve ano em que foi 70, ano em que foi 60, ano em que foi 48 bilhões. É um absurdo eles quererem, num discurso que não se sustenta, mexer no direito dos aposentados.”
Segundo ainda o Senador Paulo Paim, a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social “vai fazer grandes mobilizações nos Estados, nos municípios, vai pressionar os senadores e deputados a que rejeitem essa proposta, porque ela não interessa a ninguém, só ao sistema financeiro, porque eles querem desmoralizar a Previdência para fortalecer a previdência privada, e a previdência privada quem financia são os bancos, os Bradescos da vida e outros bancos”.