A conversa com Rolando Segura aconteceu nesta segunda-feira (6) em Moscou, durante o fórum internacional de mídias "Nova Época do Jornalismo: a Despedida do Mainstream", organizado pelo grupo de comunicação Rossia Segodnya.
"Há tempos o Ocidente vem usando as mídias como um instrumento para alcançar seus objetivos geopolíticos. Existem vários exemplos disso. Em particular, citaria o papel da imprensa ocidental na derrubada do líder líbio Muammar Kadhafi. Trabalhei como correspondente naquele país e vi tudo com os próprios olhos. Os jornais e a televisão falavam em tempo integral sonre a necessidade de uma "intervenção humanitária" na Líbia, para alegadamente proteger a população civil do sanguinário ditador. A "missão humanitária" consistia em ataques com mísses, que, segundo diversas fontes, deixaram entre 30 e 100 mil mortos. As mesmas mídias que acusando Kadhafi sem parar de seus pecados mortais não disseram uma palavra sequer sobre os bombardeios do Ocidente a hospitais, escolas, casas e instalações de água e eletricidade" – diz Rolando Segura.
Além disso, ele explicou que as mídias líbias também foram fisicamente desmanteladas, tendo a sua infraestrutura destruída, e a população líbia foi desprovida de uma cobertura oficial dos fatos. Dessa forma, estabeleceu-se um controle externo pleno sobre o espaço informativo daquele país.
"É importante destacar que a mesma estratégia tem sido dirigida hoje a países como a Rússia e a Venezuela. As mídias americanas desenham quase que diariamente com tinta preta a situação interna do meu país, pedindo uma interferência externa 'em benefício do povo venezuelano'" – destaca o jornalista venezuelano.
"Quero destacar que é preciso considerar seriamente os apelos feitos líderes ocidentais para impedir o trabalho de mídias como RT, Sputnik ou Telesur. Precisamos dar apoio uns aos outros para dificultar essa sua tarefa, que representa um flagrante ataque à liberdade de expressão" – conlui Rolando Segura.