'Se implementássemos todas as condições da UE deixaríamos de ser sérvios'

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A Croácia, como o membro da UE, todo o tempo apresenta cada vez mais condições para a eurointegração da Sérvia. Recentemente, Zagreb finalmente acordou em abrir o capítulo 23 do dossiê das negociações sobre a adesão da Sérvia à UE. Nos finais do mês também é esperado um consenso para capítulo 24.

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Altos funcionários da União Europeia notam que isso permitiria abrir mais capítulos, mas que tudo depende da própria Sérvia.

De acordo com a chefe da delegação do país balcânico às negociações com a UE Tanja Miscevic, a Sérvia deve estar muito atenta porque tem várias questões abertas sobre as relações com seus vizinhos que são países-membros da UE.

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Enquanto isso, o professor da Universidade de Belgrado e ex-ministro dos Assuntos do Kosovo e Metohija Slobodan Samardzic, em conversa com a Sputnik, referiu que o obstáculo maior é a própria União Europeia que exige que a Sérvia reconheça o Kosovo.

A normalização das relações entre Belgrado e Pristina, nota o especialista, é um eufemismo político para a expressão "reconhecimento da independência".

Esta é a exigência mais importante da UE à qual serão adicionadas milhares de outras, sublinhou Samardzic:

"Todo o processo está assim organizado de forma que cada um dos 28 países pode apresentar condições em respeito a cada um dos 35 capítulos, e isso no total poderia resultar em 1.200 condições. Alguns apresentarão mais, como a Croácia, e alguns – nenhuma. Só um aventureiro concordaria em seguir essa via porque é impossível implementar tudo. Mas tudo está organizado para que isso seja impossível. Embora o objetivo não seja integrar a Sérvia na União Europeia, porque esta não será ampliada, mas sim manter a Sérvia sob rédea curta."

Ainda de acordo com o especialista entrevistado, qualquer país vizinho que seja membro da UE apresentará condições que têm a ver com estatuto das minorias nacionais no país balcânico – a Bulgária, a Romênia, a Hungria e a Croácia. A última já fez isso.

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Existem também condições exclusivas da Alemanha: por exemplo, achar os culpados pelo incêndio premeditado da embaixada alemã durante os protestos na capital sérvia contra a autoproclamada independência do Kosovo em 2008. Muitas das exigências que chegam da Holanda, Bélgica e alguns países da Europa de leste terão a ver com direitos exclusivos para minorias sexuais.

Certos analistas comparam a via da Sérvia para entrar na organização europeia com a que o Reino Unido tinha percorrido, argumentando essa posição com a apresentação de exigências. Mas Samardzic sublinha que a comparação não está bem fundamentada: exigem à Sérvia que renuncie a parte do seu território, o que a França nunca pediu ao Reino Unido.

"Quando o Reino Unido aderiu à CEE [Comunidade Económica Europeia] em 1973, o país levantou imediatamente a questão de quanto [dinheiro] será devolvido do orçamento da UE a partir da sua contribuição. Depois disso, ele exigiu para si outros direitos especiais. Esses eram problemas internos, que de alguma forma foram resolvidos, mas nunca foram apresentadas condições políticas especiais. Ninguém exigiu que o Reino Unido desistisse da Irlanda do Norte para que os irlandeses tivessem direito à independência e autonomia", notou.

Também cabe mencionar que recentemente foram realizados cálculos interessantes, de acordo com os quais, se a economia sérvia crescer anualmente 2%, o país alcançará o nível atual da União Europeia somente daqui a 133 anos.

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