Segue abaixo a transcrição da entrevista realizada com o presidente da agência.
Sputnik: O que o senhor poderia destacar da apresentação do avião MC-21 em Irkutsk?
Adalberto Netto: Como foi destacado por algumas mídias, o avião realmente é talvez o primeiro avião que é de fato inovador no segmento, onde também concorrem Boeing e Airbus. Tivemos também oportunidade de viajar a Irkutsk e acompanhar de perto várias inovações tecnológicas do MC-21. Isso é o que está atraindo o interesse das empresas do Brasil e da América Latina.
S: Quais seriam algumas das particularidades técnicas da aeronave?
AN: Eu acho que o mais importante que chamou a minha atenção e a das companhias aéreas é em relação à economia do combustível e redução de poluentes. Devido à nova tecnologia empregada no MC-21. O mais notável é o peso dele, que é menor, o espaço de cabine, que é maior, ou seja, isso permite que os passageiros desembarquem da aeronave mais rápido. Em relação ao peso menor e às novas turbinas, isso significa economia de combustível – e essa é a maior preocupação das companhias aéreas brasileiras com que nós tivemos conversado. É justamente a questão de como reduzir o consumo, além, claro, das inovações de aviônica e outras áreas onde se pode com isso ter mais vantagens para conforto dos passageiros. Então, em resumo, as novas tecnologias trazidas pelo MS-21 parecem refletir mais economia para as companhias aéreas e mais lucro, naturalmente; e, para os passageiros, mais conforto e mais, também, tecnologia disponível. O produto, como todo, é muito interessante do ponto de vista mercadológico.
S: Há alguma proposta concreta?
AN: Nós acreditamos que, até o momento, na resposta das consultas que foram feitas até Irkutsk junto com as companhias aéreas brasileiras, foi demonstrado um interesse. É a proposta. Então, as companhias aéreas brasileiras hoje têm uma pressão por causa do dólar, do real desvalorizado, do custo… E o MC-21 vem exatamente prover uma nova proposta, uma nova solução, e vai ajudar as companhias aéreas a operar com custos menores. Então, a gente vê muito bem as companhias com que tivemos a oportunidade de conversar.
S: E quanto ao estado da construção do centro de produção de peças para MC-21?
AN: Sim, nós damos continuação a este trabalho, há muitos projetos que estão em negociação. Mas, como se trata de um complexo de classificação, ainda não estão definidas quais peças e quais componentes serão feitos lá. Mas o trabalho está avançando. Mas é um trabalho que demora bastante tempo. Então é natural que isso tome certo tempo. Nós estamos bastante satisfeitos com os avanços. E hoje estaremos novamente reunidos com a Irkut aqui em Moscou para avançar detalhes do projeto.
S: Há alguma previsão sobre o início do funcionamento do centro de produção?
AN: A previsão é que esta parte de treinamento seja disponibilizada possivelmente no começo do ano que vem. E nós temos a questão de peças, que é a mais fácil. Porque nós temos empresas que fornecem esses produtos no Paraná e a parte de serviço envolve capacitação, treinamento, se pode ser avançado. Mas a previsão que estamos trabalhando é o final deste ano – começo do ano que vem.
S: Assinaram algum outro projeto conjunto?
AN: Neste momento nós estamos discutindo além da questão aeroespacial a elaboração de desenvolvimento de tecnologias médicas… E também estamos em conversa sobre possíveis projetos de infraestrutura de uma área de cibernética. O Paraná é o único estado hoje do Brasil com superávit financeiro. Você sabe que o Brasil está passando hoje por umas dificuldades econômicas. E o único estado onde se encontram condições pausáveis é o Paraná. Nós estaremos manejando um network (ou cross-working) na área de infraestrutura. São 8 bilhões de reais nos próximos 4 anos. Então, isto esta atraindo o interesse das empresas russas ligadas à parte da infraestrutura: estações de trem, transporte rodoviário e estradas também.