Na estimativa do PNUD, existe na América Latina uma população entre 25 e 30 milhões de cidadãos que se encontram hoje em vulnerabilidade e em risco de cair na pobreza, ou seja, uma em cada três pessoas que saíram da pobreza nos últimos 15 anos.
"A América Latina foi muito inovadora nos últimos 15 anos em termos de política social e laboral, mas acreditamos que hoje, mais do mesmo — mais crescimento econômico — não gerará necessariamente mais redução da pobreza e da desigualdade, ou pelo menos, ao mesmo ritmo do que no passado", afirmou o principal autor do estudo, o economista-chefe do PNUD, George Gray.
De acordo com o documento, as novas políticas públicas têm que aumentar a resiliência dos cidadãos e centrar-se na melhoria de quatro fatores fundamentais: proteção social, cuidados de saúde, qualidade laboral e acesso a ativos físicos e financeiros como uma casa, um carro ou uma conta de poupança, que atuam como amortecedores durante as crises.
"Nenhuma das conquistas sociais e econômicas recentes alcançadas na região foi produto do 'laissez faire'", adverte o estudo em referência à teoria econômica liberal do escocês Adam Smith, segundo a qual o Estado deve deixar a economia para o livre mercado.
Na avaliação da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), a atividade econômica regional vai registrar em 2016 uma redução pelo segundo ano consecutivo e cairá 0,6%, com diminuição do consumo, da demanda interna e dos preços de matérias-primas. Além disso, o desemprego aumentará 7% em 2016, depois de alcançar em 2015 a marca de 6,5%, o pior resultado em seis anos.
O PNUD alerta ainda em seu documento que há alguns grupos sociais que permaneceram na pobreza e marginalidade.
De acordo com o relatório, os indígenas, afrodescendentes, camponeses, jovens, mulheres e minorias sexuais não puderam atingir o progresso em igualdade de condições, já que seu acesso ao mercado de trabalho se vê condicionado por vários fatores.
"Os fatores determinantes da saída da pobreza são diferentes dos fatores determinantes de recaída na pobreza", concluiu a diretora regional do PNUD.