As revelações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em sua delação premiada continuam provocando intensa repercussão na sociedade e, em especial, no mundo político do país. Até o início desta semana, conheciam-se apenas pequenas partes das revelações de Machado, boa parte delas divulgadas por ele mesmo, a partir das gravações que efetuou com diversos políticos, entre os quais os Senadores José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá.
Na quarta-feira, 15, tornaram-se públicas extensas revelações do que Sérgio Machado disse aos investigadores e aos procuradores da Operação Lava Jato. A partir daí, vieram a público as denúncias do ex-senador de que 25 políticos de vários partidos – PT, PSDB, PP, DEM, PCdoB e PMDB – beneficiaram-se de dinheiro de origem ilícita como contribuições para suas campanhas eleitorais.
Entre os políticos citados por Sérgio Machado estão o presidente interino Michel Temer e o presidente nacional do PSDB, Senador Aécio Neves, concorrente de Dilma Rousseff na campanha presidencial de 2014. Sobre Temer recaíram acusações de que ele teria solicitado contribuições para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo, na eleição municipal de 2012. Já Aécio Neves foi citado como tendo recorrido àquele expediente quando tentava obter votos entre os parlamentares ao disputar a Presidência da Câmara dos Deputados.
“Mais do que a delação de Sérgio Machado, o que nos interessa é perceber que os nomes de Michel Temer, de Aécio Neves e de vários outros chamados caciques do PMDB e do próprio PSDB estarem de fato nos locais e nas horas indicadas por Sérgio Machado”, comenta o cientista político Antônio Marcelo Jackson, da Universidade Federal de Ouro Preto. “Ou seja, não se trata, agora, de mais uma delação vazia, mas de algo que é crível, dá para acreditar. É uma coisa bastante grave.”
O Professor Jackson, para quem a corrupção de políticos no Brasil se tornou endêmica, remontando a muitos anos, desde o início da história do país, pensa ainda que, “quando vem uma denúncia dessas onde se teria o então vice-presidente da República procurando financiar a campanha de um candidato de seu partido na capital do Estado de São Paulo, isso é crível. Isso aí é possível, sim, lamentavelmente, dado que essa relação promíscua da política com empresas e particularmente com empresas públicas se tornou, infelizmente, uma prática comum em nosso país.”
Em relação ao Senador Aécio Neves, o cientista político Antônio Marcelo Jackson diz que “não é a primeira vez que ele é citado. Não é possível que várias fontes falem o nome de uma mesma pessoa e isso não seja algo grave. Acho que pelo menos vale uma investigação”.