Para o advogado Michael Mohallem, professor de Direito Constitucional, especialista em Direitos Humanos e coordenador do Centro de Justiça e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, “do ponto de vista do ex-Presidente Lula parece uma atitude perfeitamente normal por parte dos seus advogados. A representação dos advogados de Lula contra Sérgio Moro ocorre pouco depois de o Ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, anular, como prova, a interceptação telefônica de um diálogo entre o ex-presidente e a presidente agora afastada Dilma Rousseff, pelo fato de tal escuta não ter sido autorizada pela competente instância legal, no caso, o Supremo Tribunal Federal, já que essa interceptação telefônica ocorreu com a presidente da República, que detém prerrogativa de foro”.
Em relação às denúncias de violação de direitos humanos de Lula, Michael Mohallem observou:
“Há bons indícios de que esta violação possa ter ocorrido, especialmente no que diz respeito à determinação do uso de condução coercitiva aplicada ao ex-Presidente Lula, para que ele fosse depor na Polícia Federal em São Paulo. As leis brasileiras determinam que a condução coercitiva só seja aplicada quando a pessoa investigada se recusa a comparecer para depor. Ora, este não foi o caso de Lula, que reiteradas vezes declarou que bastaria um chamado da Polícia Federal e ele compareceria à repartição policial sem qualquer problema ou resistência.”
Outra questão destacada pelo Professor Mohallem é a da privacidade do ex-presidente:
“A Constituição brasileira de 1988 assegura pleno direito à privacidade de cada pessoa, e isto envolve o direito ao sigilo de suas comunicações. Elas só podem ser interceptadas por meio de autorização judicial com o devido fundamentado apresentado à Justiça pela autoridade investigatória. Então, é bastante plausível e aceitável que os advogados de Lula se preocupem com a violação da privacidade do seu cliente.”
O Dr. Michael Mohallem conclui afirmando que, se forem constatados excessos ou abusos por parte do Juiz Sérgio Moro contra Lula, Moro estará sujeito a sanções:
“Se ficar comprovado que o juiz agiu de forma abusiva, ele poderá sofrer desde uma advertência até a decretação de sua aposentadoria, deixando de exercer a magistratura. Mas isto precisa ser plena e incontestemente comprovado para que o juiz não sofra nenhuma lesão a seus direitos.”