O presidente da Duma de Estado russa Sergei Naryshkin, que agora está no Japão em visita de trabalho, disse que “a cooperação entre a Rússia e o Japão é inevitável”. Ele está confiante que as autoridades japonesas também percebem a necessidade de cooperação em todas as áreas. Segundo ele, foram descobertos vários temas em comum e posições iguais em uma série de questões, o que promove a confiança. “Relações mais abertas vão contribuir para a diminuição de tensão na região, garantindo paz e segurança para as duas nações”, concluiu ele.
Lembramos que, no dia 19 de outubro de 1956, Moscou e Tóquio assinaram uma declaração que prevê a possibilidade de transferência para o Japão das ilhas Shikotan e dos ilhéus Habomai como gesto de boa vontade, depois da conclusão de um tratado de paz. No entanto, no início de 1960, quando o Japão, segundo um acordo com os EUA sobre a segurança, permitiu a construção no seu território de bases americanas, o governo soviético declarou que renunciava a considerar uma transferência dessas ilhas, considerando o acordo como um perigo potencial para a União Soviética. Em novembro de 2004, o ministro do Exterior russo Sergei Lavrov disse que a Rússia, como sucessor legal da URSS, reconhece a Declaração de 1956 como válida e está pronta para negociar com o Japão as questões territoriais partindo desta base.
Há poucos dias, o chefe da chancelaria japonesa, Fumio Kishida, expressou a esperança que na reunião do grupo de trabalho será realizado um debate positivo e profundo sobre os "territórios do norte" e sobre um tratado de paz com base nos resultados das negociações entre os anteriores líderes do Japão e da Rússia. Um dos resultados das negociações de maio entre Putin e Abe, em Sochi, será a próxima reunião. Na altura, Abe intrigou todo o mundo com as alegações de que ele tem oferecido a Moscou uma nova abordagem para resolver o problema das Ilhas Curilas. Continua desconhecido o que representa exatamente essa nova abordagem.
O chefe do Centro de Pesquisas sobre o Japão do Instituto russo do Extremo Oriente, Valery Kistanov, expressou suas dúvidas sobre um rápido sucesso das negociações:
"As posições ainda não são muito semelhantes. É difícil imaginar que o Japão concorde em voltar às condições da Declaração de 1956 e limitar as suas pretensões a duas ilhas. Também não é imaginável que a Rússia vá ao encontro dos desejos do Japão e entregue todas as quatro ilhas. No entanto, o facto de as negociações terem sido retomadas dá esperança e abre perspectivas para uma discussão mais aprofundada no futuro…"
"Em maio deste ano, numa reunião em Sochi, o primeiro-ministro Abe fez uma nova proposta, mas do meu ponto de vista, como especialista em relações sino-russas, se, por exemplo, o Japão, de alguma forma estiver pronto para fazer concessões, a Rússia e seu presidente Putin duvidosamente estarão inclinados a fazer concessões. O fato é que com a ‘adesão da Crimeia’ e o início das operações militares na Síria o nível de apoio do presidente russo aumentou para 89,9%. Foi o retorno dos territórios perdidos e a demonstração de poder militar russo que criaram uma imagem de presidente forte, que devolveram às pessoas o sentimento de orgulho no seu país e que provocaram o aumento de ranking do presidente. Nesta situação, será muito difícil para o presidente Putin fazer concessões em questões territoriais".