A Polícia Federal deflagrou esta semana a Operação Turbulência. Empresários foram presos em Pernambuco e em outros Estados pela acusação de terem doado recursos de origem ilícita para campanhas estaduais e presidenciais. Entre os políticos beneficiados estaria o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), candidato a presidente nas eleições de 2014, morto em acidente de avião durante a campanha.
Após a prisão dos empresários, entre os quais João Carlos Lyra de Melo, surgiram especulações de que as revelações da Operação Turbulência (derivada da Lava Jato) poderão afetar os planos da ex-Senadora Marina Silva, líder do Partido Rede, de disputar uma nova eleição presidencial. Vice de Eduardo Campos na chapa de 2014, Marina assumiu em 13 de agosto de 2014 a titularidade da chapa, após a morte do ex-governador.
Sobre estas especulações, Sputnik Brasil conversou com o cientista político Augusto Cattoni, pesquisador do Instituto Atlântico. Para o especialista, Marina Silva está numa situação delicada:
“Certamente, Marina Silva terá de reavaliar os seus planos. Embora nada se tenha demonstrado contra ela, o simples fato de ter integrado uma chapa investigada por receber recursos de origem ilícita como que a induz a refletir sobre suas pretensões presidenciais. Aliás, é tão grande o volume de informações que circulam neste país sobre apurações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal contra políticos suspeitos e acusados de envolvimento em irregularidades que nada mais me surpreende.”
Na opinião de Augusto Cattoni, o Brasil tem como sair deste quadro de indignação da sociedade com a classe política:
“No meu entender, a solução passa pela convocação de uma Assembleia Constituinte, mas não formada por estes políticos que estão aí. É preciso haver uma renovação radical na representação política do país. Só então os novos políticos poderiam trabalhar numa vigorosa reforma e passar o Brasil a limpo. Ninguém aguenta mais ver tanto noticiário sobre corrupção envolvendo políticos. As investigações mostram que ninguém escapa ao diligente trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Tudo está vindo à tona e todos que estão envolvidos em irregularidades estão sendo apontados para a opinião pública. Ninguém escapa. De modo que é forçoso promover uma mudança completa na representação política do país.”
O que é a Operação Turbulência
A Operação Turbulência foi deflagrada sobre a compra do avião, logo após o acidente que matou Eduardo Campos e outras seis pessoas, e acabou descobrindo um esquema de lavagem de dinheiro em valores próximos a R$ 600 milhões, de acordo com a Polícia Federal. Além de João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, foram presos na terça-feira, 21, os também empresários Eduardo Freire Bezerra Leite, Arthur Roberto Lapa Rosal e Apolo Santana Vieira.