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Cooperação entre Brasil e Rússia possibilita projeto de monitoramento de lixo espacial

© AFP 2023 / NASA Espaço
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O pesquisador do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) e responsável pelas negociações com a Agência Espacial Russa (Roscosmos), Albert Bruch, falou com exclusividade à Sputnik Brasil sobre o projeto de instalação de um telescópio detector de lixo espacial no Observatório Pico dos Dias (OPD), em Minas Gerais.

Em abril, a Agência Espacial Russa (Roscosmos) assinou um acordo com o Laboratório Nacional de Astrofísica do Brasil, responsável pela operação e manutenção do OPD, para a fabricação do aparelho óptico, com um investimento estimado de 2,7 milhões de dólares.

Confira a entrevista:

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Sputnik Brasil: De que modo o novo telescópio do Observatório do Pico dos Dias poderá colaborar com as investigações do programa espacial russo, em particular na detecção de detritos capazes de constituir risco para a exploração do espaço?

Albert Bruch: O projeto visa a detectar e monitorar detritos espaciais com a finalidade de compilar um catálogo dos mesmos. Podendo calcular e monitorar as órbitas dos detritos será possível prever, com certa antecedência, o risco de choques com satélites ativos ou da sua entrada na atmosfera terrestre e a consequente colisão com a Terra. No caso de risco de choques com outros satélites poderão se tomadas medidas para desviar o satélite da rota do detrito. Desta forma, o projeto contribuirá para a segurança das atividades do uso do espaço próximo a Terra. Entendo que não apenas a Roscosmos, mas também outras entidades interessadas terão acesso às informações sobre os detritos espaciais provindos do PanEOS [Sistema Eletro-Óptico Panorâmico para Detecção de Detritos Espaciais].

SB: Como se dá a localização de objetos considerados detritos espaciais, e de que modo esses detritos podem ser identificados e individualizados?

AB: Grandes partes do céu visível do local do telescópio, principalmente aquelas que concentram as órbitas dos detritos espaciais serão fotografadas repetitivamente em todas as noites com condições meteorológicas adequadas para conduzir essas observações. As imagens serão analisados automaticamente, sendo que os detritos espaciais (em contraste com as estrelas que também se encontram no campo de visão do telescópio) devido ao seu movimento ao redor da Terra se deslocam entre exposições subsequentes e, portanto, poderão ser identificados.

A Roscosmos deu preferência ao Brasil porque já existe uma colaboração de longa data entre o Brasil e a Federação Russa sobre a exploração pacífica do espaço, fundamentada e regulamentada por contratos entre os países.

SB: Por que e como se deu a escolha do Laboratório Nacional de Astrofísica e do Observatório do Pico dos Dias para esta colaboração com a Roscosmos?

AB: O novo telescópio será um de uma rede de telescópios com o mesmo objetivo, a serem instalados em vários locais da Terra. Para monitorar todo o céu precisa-se obviamente de estações observacionais nos hemisférios norte e sul. Na busca de um local adequado no hemisfério sul a Roscosmos deu preferência ao Brasil porque já existe uma colaboração de longa data entre o Brasil e a Federação Russa sobre a exploração pacífica do espaço, fundamentada e regulamentada por contratos entre os países. O tipo de observações necessárias para o projeto em pauta exige condições ambientais e logísticas iguais às para observações astronômicas. O Observatório do Pico dos Dias (OPD), gerenciado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica, é o único lugar no território brasileiro que dispõe do toda a infraestrutura para tais observações. Portanto, a escolha do OPD para a instalação do novo telescópio era óbvia e natural.

SB: Existe uma data específica para entrada em operação do novo telescópio do OPD?

AB: Não existe uma data específica, porém todos os parceiros do projeto se comprometeram a fazer um esforço para que as operações do novo telescópio possam ter início até o final de novembro deste ano.

Telescópio russo será instalado no Brasil p/ mapeamento de detritos espaciaishttps://t.co/wZr7SJo3eT @LNA_Comunica pic.twitter.com/XcmfH9WYvn

SB: Quais os motivos que determinaram a localização do Observatório do Pico dos Dias entre as cidades mineiras de Brazópolis e Piranguçu?

AB: A escolha do local para a instalação do observatório tem uma longa e complexa história (convido os interessados para consultar o livro sobre a história do LNA, lançado no ano passado; a versão eletrônica encontra-se no site do LNA: http://lnapadrao.lna.br/acesso-a-informacao/institucional/livro_lna.pdf). Em resumo, trata-se de um compromisso entre as melhores condições ambientais e meteorológicas, e a facilidade de acesso. 

SB: Existem planos para ampliar a colaboração do Laboratório Nacional de Astrofísica com a Roscosmos?

AB: Ainda não. Julgo que devemos esperar os resultados da presente colaboração, que apenas está se iniciando, antes de pensar em uma ampliação. 

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