"Este silêncio do governo francês, assim como do conjunto da classe política francesa e não somente da esquerda, é inaceitável. Não podemos esquecer que a França, que se diz o berço dos direitos humanos e símbolo da democracia, não tem direito à indiferença. A França, que tem uma história de luta pelos direitos e que acolheu um grande número de brasileiros exilados, grandes intelectuais como Josué de Castro, Celso Furtado, Milton Santos e até Fernando Henrique, não poderia guardar silêncio diante do que hoje ocorre no Brasil", afirmou o parlamentar socialista durante participação em um colóquio sobre o golpe institucional no Brasil em Paris, organizado pela senadora Laurence Cohen, do Partido Comunista.
"Os políticos e o governo francês teriam por obrigação de explicar à opinião pública francesa a gravidade dessa crise institucional e denunciar com toda firmeza o golpe contra a Presidenta Dilma Rousseff".
De acordo com Karam, a instabilidade que atinge o Brasil afeta diretamente a sua região, uma vez que a Guiana faz fronteira com o território brasileiro e possui um histórico de cooperação bilateral. Lembrando os problemas ocasionados pela ditadura militar de 1964 a 1985, ele destacou que, apesar dos avanços dos últimos anos, a democracia brasileira ainda é jovem e frágil.
"Ainda existem muitos adeptos dos métodos da ditadura capazes de promover a usurpação do poder. Estes consideram que a democracia não pode acomodar seus negócios, seus interesses particulares. Então eles achincalham os valores democráticos".
Para o senador, o Brasil é uma potência mundial, e, por esse motivo, ninguém, nem mesmo a França, tem o direito de ficar indiferente ao que se passa no país. Ele acredita que um retorno aos métodos pré-democráticos seria algo inconcebível, com consequências nefastas para o resto do mundo.
Em mensagem aos brasileiros, no fim da entrevista, Antoine Karam ofereceu o seu apoio ao povo na luta pelos valores democráticos, enfatizando a importância da resistência:
"Que o povo brasileiro não renuncie a esta luta pela normalidade institucional e pela volta da Presidenta Dilma Rousseff. Os brasileiros devem rejeitar todos esses politiqueiros que ultrajam os valores democráticos. Esses mesmos que pregaram a luta contra a corrupção somente para elaborar o golpe, tendo em vista que são eles os maiores corruptos que hoje querem eternizar seus privilégios. Vocês souberam resistir a 24 anos de ditadura. Agora, devem resistir ao que aqui denunciamos neste colóquio: o golpe institucional. Estamos com vocês nesta luta!", finalizou o político.