Desafio emocional russo a milhões de vítimas de abuso sexual

© Tânia Rêgo/Agência BrasilONG Rio de Paz promove, na Praia de Copacabana, ato público contra o abuso sofrido pelas mulheres
ONG Rio de Paz promove, na Praia de Copacabana, ato público contra o abuso sofrido pelas mulheres - Sputnik Brasil
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Não é segredo para alguém que atualmente as relações bilaterais entre a Rússia e a Ucrânia continuam tensas, mas a política por vezes fica em segundo plano quando se fala da dor humana.

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Há que encontre novas formas de se conectar e partilhar suas histórias e momentos pessoais. O novo desafio online circula a Internet sob o hashtag em russo #янебоюсьсказать (Não tenho medo de dizer) e provoca muita emoção.

O desafio foi iniciado em uma página de Facebook da ativista social ucraniana Anastasia Melnichenko, que usou um hashtag parecido em ucraniano. Após ela, milhões de mulheres na Rússia e Ucrânia decidiram partilhar as suas histórias visando chamar atenção e condenar o abuso sexual.

Melnichenko partilhou a sua experiência de infância, contando que um dos seus parentes lhe molestou e depois, anos passados, um menino com quem ela namorava lhe, tirou fotos dela nua a cama e prometeu publicá-las na Internet.

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Ambos os hashtags, em russo e ucraniano, e agora também em inglês (#Iamnotafraidtosay) continuam ganhando popularidade. Muitas publicações chamam atenção ao fato de que é necessário mudar a percepção do abuso sexual, já que a sociedade continua muitas vezes culpando a vítima. 

"Nós não precisamos de explicar a si mesmas. A culpa não é nossa, é o estuprador que sempre é culpado. Eu não tenho medo de falar e eu não me sinto culpada", escreveu Melnichenko.

Cabe notar também que o desafio não fala só de casos de estupro de mulheres, os homens também partilham suas histórias de estupro e violência. O abuso que tão grande número de pessoas enfrenta, pessoas de várias idades, profissões, estatutos sociais, não deve ser silenciado, de acordo com os participantes do desafio.

A avaliar pelas publicações sob os hashtags, as pessoas que cometem crimes de violência sexual podem ser desconhecidas da vítima mas também podem ser amigos, parentes, professores ou qualquer pessoa próxima.

​Outro aspeto importante que também já se tornou claro nas publicações é que alguns dos estupradores pediram desculpas pelas suas ações, dizendo que na altura do crime não perceberam que foram ofensivos.

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