A respectiva informação foi tornada pública no domingo (10) após o anúncio dos primeiros resultados das eleições à câmara baixa do Parlamento.
Antes, o partido Liberal Democrático e o Partido Democrático de oposição, chefiado pelo ex-ministro das Relações Exteriores do país Katsuya Okada, tinham aproximadamente igual número de lugares no Parlamento — cada um tinha cerca de metade.
Agora, tendo em conta a coalizão que domina a câmara baixa, a gestão do processo legislativo será mais fácil para o partido Liberal Democrático.
Na mídia mundial já apareceram previsões de que a "supermaioria" obtida pelo partido no poder permitirá ao primeiro-ministro Shinzo Abe rever alguns artigos da Constituição, o que facilitará o uso mais ativo do poder militar.
O próprio premiê, falando sobre possíveis mudanças constitucionais, notou que a questão "previamente exige uma discussão séria no comitê constitucional do Parlamento".
Para introduzir mudanças à Constituição é preciso realizar um referendo nacional e, para tal, o premiê precisaria do apoio de dois terços de lugares em ambas as câmaras do Parlamento. Até o momento Abe não tinha isso, mas as eleições mudaram a situação.
Os apoiantes da política de Abe argumentam a necessidade pelo agravamento da situação de segurança na região Ásia-Pacífico.
Enquanto isso, o professor da Universidade das Relações Internacionais de Moscou e ex-embaixador russo no Japão Aleksandr Panov não acha que a revisão da Constituição possa acontecer em breve.
Em declarações à Sputnik o especialista russo disse:
"Atualmente Abe tem uma chance de mudar a Constituição, mas é pouco provável que ele o faça porque isso poderá levar a uma forte divisão no país".
De acordo com Panov, mais de metade da população está contra a revisão da Constituição, em particular ao que tem a ver com o nono artigo, e as autoridades têm que ter este fato em conta.
"A minha previsão é esta: gradualmente passo a passo serão feitas mudanças na Constituição, mas por via de diferentes interpretações, do género do direito de autodefesa coletiva e em certas condições de proteger os seus aliados fora dos limites do Japão".
"O Japão tem Forças Armadas. No entanto, o Japão não tem armamentos ofensivos tais como submarinos atômicos, cruzadores, porta-aviões, destróiers, mísseis de longo alcance etc.", explicou o especialista.
Resumindo, é importante notar que, não obstante as discussões ocorridas em torno do nono artigo desde 2014, nem a Constituição do Japão nem o artigo sofreram quaisquer mudanças desde 3 de maio de 1947.