Maduro perdeu todos os aliados?

© REUTERS / Carlos Garcia RawlinsO presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
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Em contexto de grave crise política e econômica na Venezuela e mudanças nos regimes políticos dos principais países seus aliados na América Latina, o presidente venezuelano Nicolás Maduro continua tomando decisões controversas que agravam ainda mais a situação a República Bolivariana.

De acordo com a última decisão do Presidente, o exército venezuelano vai controlar a distribuição de alimentos e medicamentos no país. Mesmo o pão se tornou escasso nos últimos meses. Os preços dos produtos de padaria aumentam quase todas as semanas e as pessoas ficam em filas durante horas. 

A situação com medicamentos é ainda pior. Seu déficit aumentou até 85%. Na maioria dos hospitais, os pacientes têm de trazer seus medicamentos. Como resultado, a taxa de morte entre as crianças aumentou quase 100 vezes.

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"Esta medida forçada, como cada medida deste tipo, traz além de alívio em uma área, o endurecimento em outras. <…> Nestas circunstâncias Maduro tem que tomar medidas que ele não gostaria de tomar. Como, por exemplo, a abertura da fronteira com Colômbia, que ele chamou de país inimigo no ano passado. Agora ele deixou 35 mil venezuelanos atravessar a fronteira para puderem comprar produtos de primeira necessidade. Por causa do câmbio paralelo, para fazer compras os venezuelanos tinham que deixar na Colômbia até dois salários mensais, por volta de 30 dólares estadunidenses (cerca de 105 reais). <…> Ultimamente, várias empresas abandonaram o mercado venezuelano [Kimberly-Clark, Citibank] e agora nós vemos que o exército começa controlando não apenas a distribuição de alimentos, mas também o setor da produção e o agropecuário. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino Lopez, se tornou em primeiro-ministro, porque ele está comandando todos os outros ministros", afirmou Aleksandr Chichin, decano da Faculdade de Economia e Ciências Sociais da Academia de Economia Nacional e Serviço Público da Rússia do Presidente da Rússia. 

Segundo o especialista, a Venezuela repetiu o erro da União Soviética, tentando criar a Unidade Bolivariana e ajudando por sua conta os parceiros próximos, tais como Cuba, Bolívia, parcialmente o Brasil, os pequenos países da América Central e do Caribe (Salvador, Honduras, Guatemala, Trinidad e Tobago) e outros. 

"Mas com a queda dos preços do petróleo e a troca de líderes políticos em vários países, tudo arruinou. E sem apoio deles, Maduro ficou praticamente no isolamento. Mesmo Raul Castro permaneceu afastado dos problemas venezuelanos", frisou Chichin.

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O professor de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo Victor Heifetz contou que "Venezuela está continuando a andar no sentido que no nosso país foi chamado na altura de comunismo de guerra. Criar um novo órgão para distribuição dos produtos pelo povo é bom, mas primeiro tem que achar os mesmos produtos para distribuí-los. <…> Ao mesmo tempo, Caracas continua perdendo aliados. Recentemente, por exemplo, os líderes de Mercosul não conseguiram de novo chegar a acordo sobre a próxima presidência da Venezuela no bloco por causa das violações da democracia no país".

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Ao mesmo tempo, o professor acrescentou que "o governo atual está limitado a tomar medidas nas condições atuais. Eles têm que reconhecer que o modelo deles não está funcionando. Mas eles não fazem isso por razões ideológicas. Ou iniciar negociações com a oposição, para usar as capacidades econômicas e administrativas deles. Mas isso, por um lado é difícil de fazer e, por outro lado, não existe um deus entre os oposicionistas. Eles não conseguirão mudar a situação imediatamente".

De acordo com o editor-chefe do jornal América Latina, Vladimir Travkin, atualmente correm rumores sobre a possibilidade de impeachment a Nicolás Maduro ainda este ano.

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"O referendo sobre afastamento de Maduro do poder é real, e a oposição vai insistir nisso até ao final. Eles tiveram sucesso nas últimas eleições parlamentares, nas quais conseguiram obter a maioria no Parlamento Nacional, embora muito dividida. <…> Atualmente é difícil dizer se o referendo será organizado ou não, mas posso dizer com certeza que eles vão envidar todos os esforços para fazer isso", disse ele.

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