A cerimônia, realizada na Sociedade Civil Mandala, na Barra da Tijuca, contou com a presença do prefeito Eduardo Paes, que ajudou o cônsul na entrega. As vestimentas foram um presente dos fãs da equipe russa, que ficaram comovidos ao saber da existência do time brasileiro, que também participa de disputas no gelo.
Em entrevista à Sputnik, na Rússia, o líder da torcida do Lokomotiv Yaroslavl, Yuri Ivanov, explicou que a ideia de mandar o uniforme para os cariocas partiu dos próprios torcedores.
Segundo Ivanov, a TV russa realizou uma reportagem especial sobre o Lokomotiv Rio há uns seis meses, apresentando uma história incrível, que os russos, até então, desconheciam.
"Foi quando a gente viu uma matéria na TV sobre este time brasileiro. E aí, algumas pessoas da nossa torcida se interessaram. Esses torcedores divulgaram essa informação através do nosso site. Mais pessoas se juntaram a nós, a gente fez uma 'vaquinha' e comprou os uniformes".
De acordo com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, a atitude dos atletas cariocas e da torcida de Yaroslavl é mais uma prova de como o esporte é capaz de unir povos.
"Só o esporte faz isso", comentou Paes.
Desafio no gelo
Apesar do pouco tempo de existência, o Lokomotiv Rio é o time que mais fornece jogadores para a Seleção Brasileira de Hóquei no Gelo, comandada pelo americano Jens Hinderlie, que joga no clube carioca. Segundo ele, apesar do esforço de todos os envolvidos, tanto o Lokomotiv quanto a equipe brasileira ainda tem um longo caminho pela frente até atingir um nível competitivo internacionalmente nessa modalidade.
Parte do problema, conforme explicou Daniel Baptista, dirigente e jogador do time, se deve à falta de estrutura para um esporte que ainda é uma grande novidade no Brasil. Ele explica que, ao contrário do que acontece em outros países, aqui, todos os jogadores possuem outras profissões e, por isso, não podem se dedicar integralmente ao hóquei. Além disso, a falta de locais adequados para treinar é outro grande problema.
"O hóquei no gelo no Brasil é muito limitado, porque não existe quadra oficial. A maioria dos jogadores de hóquei no gelo morou fora e treina no Brasil o inline, que é no piso de cimento".
Legalmente, a equipe nacional de hóquei no gelo existe desde 1984. Mas, na prática, só em 2014 começou a competir, pouco depois da criação do Lokomotiv Rio, que forneceu 10 atletas para a seleção no último Pan-Americano, disputado em junho passado. O Brasil ficou na quarta posição.
"Eles têm muito talento. Eles sabem como jogar o jogo, mentalmente. Mas seus corpos, no gelo, não se movem tão rápido quanto suas mentes", explicou Hinderlie, falando sobre a necessidade de seus jogadores terem mais contato com o gelo, algo que está previsto no calendário de treinamento internacional da equipe.
"Eu tenho muita esperança no nosso futuro", acrescentou.