A nota oficial das autoridades brasileiras sobre o assunto foi publicada no site oficial do Palácio do Planalto, com destaque para a seguinte observação:
"O Governo francês esclareceu ao Brasil que não é verdadeira a informação de que um brasileiro, supostamente vinculado ao Estado Islâmico, estaria planejando um atentado contra a delegação francesa durante os Jogos Rio 2016. O diretor de Inteligência Militar da França enviou nesta terça-feira (19) documento ao Ministério da Defesa para tratar sobre o tema."
Sobre estes fatos, Sputnik Brasil conversou com Ricardo Cabral, da Escola de Guerra Naval, no Rio de Janeiro, estudioso das questões relacionadas ao combate ao terrorismo internacional.
Na opinião do Professor Cabral, houve certo açodamento por parte das autoridades francesas em liberar uma informação que, mais tarde, foi declarada como totalmente improcedente. Mas, de acordo com o especialista, isto não exime o Brasil de se manter atento e vigilante ao altíssimo risco representado pelas organizações terroristas como o Daesh (Estado Islâmico) e pelas possíveis atuações dos chamados lobos solitários, extremistas que agem individualmente sem aparentes ligações com grupos extremistas.
"A questão toda está na credibilidade da informação", afirma Ricardo Cabral. "Eles [a Inteligência Militar francesa] souberam por outras fontes, não confirmadas, e provavelmente nesse estudo foram verificar o que estava havendo, ou se a fonte era fidedigna e comprovada por outros elementos. Com relação a esse ponto específico de um brasileiro estar com o objetivo de promover um atentado contra a delegação olímpica francesa, ele me parece estar descartado, por enquanto. Mas vamos ter sempre em mente que a comunidade de informações e essa área de contraterrorismo trabalham com muita pressão, com uma premência muito grande, e essas informações, quando chegam, são sempre checadas. Não vai ser por esse desmentido que o nível de segurança vai diminuir, pode ter certeza disso."
Sobre a eficácia das medidas até agora adotadas para a garantia da segurança dos Jogos, Ricardo Cabral comenta:
"Estou vendo a preparação do Brasil, estamos tentando cobrir os possíveis buracos, tornar as medidas mais efetivas, mas isso não quer dizer que estamos a salvo de um atentado. Absolutamente. Vemos grupos de brasileiros declarando lealdade ao Estado Islâmico, jihadistas que aparecem de uma hora para outra. Essas informações têm que ser muito bem checadas pela Abin, pela Polícia Federal, e agora pela Inteligência Militar, para se chegar aonde seria o fundo de verdade disso. É uma situação que nós sabemos que é extremamente difícil. Países como a Rússia, como Israel e agora recentemente a Turquia, sofrem com terrorismo e sabem o quanto é difícil combatê-lo, principalmente a questão dos lobos solitários, que, ao que parece, são o maior perigo aqui no Rio de Janeiro."
O Professor Ricardo Cabral diz acreditar na possibilidade de ação dos lobos solitários no Brasil: "Por mais que nos preparemos, esse tipo de ação é imprevisível, não há como prevenir, temos que estar muito atentos. É claro que, como estamos com um policiamento muito ostensivo, é provável que uma ação dessa não seja bem-sucedida, ou não se confirme, mas isso não quer dizer que eles [os lobos] vão deixar de tentar realizar. Sabemos que a presença da polícia coíbe, mas prevenir, impedir, é muito difícil."