A ação passou a ser conhecida como o Dia da Rebeldia e foi festejada nesta terça por milhares de cubanos em uma cerimônia liderada pelo presidente Raul Casto na pequena cidade de Sancti Spíritus, a 355 quilômetros a leste de Havana. A cidade foi escolhida como sede das comemorações pelo crescimento de seus indicadores sócio-econômicos. Os festejos aconteceram na Praça da Revolução Major General Serafin Sánchez, que ficou tomada por milhares de cubanos e bandeiras.
Durante o assalto ao forte de Moncada, os revolucionários perderam diversos homens e Fidel foi capturado, julgado e condenado a 15 ano de prisão. Por ser advogado, ele próprio atuou em sua defesa, que passou a ser conhecida como "A História me absolverá". Libertado em 1955, se exilou no México, de onde voltou em comnpanhia de Ernesto Che Guevara, Camilo Cienfuegos, Raul Castro e outros companheiros, iniciando um longo proceso de guerrilha a partir de Sierra Maestra no final de 1956 até a tomada do poder em 1º de janeiro de 1959. As comemorações deste ano celebraram antecipadamente o aniversário de 90 anos de Fidel Castro, nascido em 13 de agosto.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, a deputada federal (PE) e presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Luciana Santos, lembra que o assalto a Moncada foi um marco não só na história cubana, como na de todos os países latinoamericanos.
"Esse acontecimento em 26 de julho foi o início de uma grande revolução na América Latina no momento em que todo o continente vivia sob o jugo do imperialismo norte-americano e sob o bombardeio de muitas ditaduras e golpes de estado financiados pela própria CIA. Em um momento como esse, Cuba era como um farol naquele tempo para iluminar, alimentar, levar sonhos àqueles que viviam em situação tão obscura."
Luciana diz que o episódio ainda tem hoje um significado político muito grande, ainda mais em um momento em que o mundo vive uma defensiva estratégica dos sonhos e dos objetivos do socialismo.
"Ainda mais quando, no próprio Brasil, a gente sofre um golpe de estado sem baionetas. Mais do que nunca há a necessidade da gente afirmar a importância da democracia e de projetos políticos que fizeram avançar a inclusão social, a justiça. As comemorações dos 63 anos do assalto à Moncada também coincidem com os 90 anos, agora no dia 13 de agosto, do grande líder dessa revolução que é Fidel Castro. A celebração dessas duas datas anima nossa perspectiva de construir um mundo mais humano e mais justo."
Para o secretário de Política e Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, os assaltos aos quarteis de Moncada e Cespedes podem ser considerados o ato inaugural da revolução cubana.
"Foi a partir daí que as massas tomaram consciência da necessidade de lutar contra aquela ditadura e a ideia revolucionária se tornou uma convicção não só junto ao comandante Fidel Castro, como a vários de seus companheiros."
Carvalho observa que o libelo da defesa de Fidel, quando foi julgado, contém, na verdade, o programa da Revolução Cubana. Segundo o secretário, no documento, Fidel faz um diagnóstico da sociedade cubana, explica as razões para o ato revolucionário e aponta uma série de tarefas democráticas, sociais que o povo cubano deveria assumir para libertar-se daquela ditadura.
"A coincidência esse ano é a comemoração do 26 de julho com os 90 anos do vitalício do comandante Fidel Castro, que é o maior de todos os latinoamericanos. Um continente que viu nascer José Marti, da guerra de independência cubana, Simon Bolivar, Hugo Chávez, Che Guevara. Fidel deu uma imensa contribuição não só à Revolução Cubana como ao internacionalismo que essa revolução exerceu e pela total solidariedade que o povo cubano prestou aos demais povos latinoamericanos."
O secretário do PCdoB diz que o papel internacional de Cuba se engrandeceu com a criação da Celac (Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos), uma articulação da qual Cuba faz parte e não os Estados Unidos e o Canadá, assim como nem Portugal e Espanha. Em sua opinião, essa foi a primeira vez que a América Latina conseguiu realizar uma projeção coletiva da sua diplomacia e integração sem a presença dos EUA.
"É sintomático que Cuba — que foi excluída da Organização dos Estados Americanos (OEA), uma espécie de ministérios das colônicas, por pressão dos EUA — ingressa na Celac e assume a sua co-presidência já na primeira gestão. É sob essa gestão, que a Celac proclama a América Latina e o Caribe região de paz, livre de armas nucleares e conflitos externos."
Com relação ao reatamento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, Carvalho afirma que a reproximação é uma vitória diplomática e política do povo cubano e dos latinoamericanos, resultado de uma resistência que durou mais de 50 anos.
"Isso é resultado de uma mudança na conjuntura política da América Latina. O reatamento é também o reconhecimento, por parte dos EUA, de que a estratégia do bloqueio fracassou. O próprio Obama foi obrigado a dizer isso."