O Tribunal Arbitral do Esporte declinou, em 21 de julho, a apelação do Comitê Olímpico da Rússia e de 68 atletas russos, referente à decisão da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), que baniu a seleção russa de atletismo de competições internacionais, após o escândalo de doping, que supostamente envolve autoridades do esporte no país.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu, em 24 de julho, não afastar toda a delegação da Rússia dos Jogos de 2016, deixando a cargo das federações a aprovação de atletas para as competições. Todos os atletas russos com histórico de doping não serão admitidos nos Jogos. Assim as seleções russas de natação, pentatlo, canoagem e remo ficaram desfalcadas.
Putin destacou que, apesar de longos preparativos para a principal competição dos últimos quatro anos, "nem todos poderão realizar o seu sonho".
"É preciso dizer que políticos de pouco visão não conseguem deixar o esporte em paz. Apesar do esporte justamente possuir o intuito de aproximar os povos e a aplainar as contradições entre os países", declarou o chefe de Estado russo, lamentando que a situação envolvendo a delegação da Rússia, além de ultrapassar os limites jurídicos, também ultrapassou as barreiras do bom senso.
"Uma campanha direcionada contra os nossos atletas foi realizada com os famosos padrões duplos, incompatíveis com o esporte, bem como com a justiça, com normas elementares do direito e com o princípio de responsabilidade coletiva", disse Putin.
O presidente disse que a Rússia não se resignará com a "arbitrária" desqualificação.
ao dos atletas russos e com "aquilo que de fato configura e é uma clara discriminação".
Segundo o líder russo, a situação da seleção do seu país pode ser classificada como uma tentativa de levar para o esporte mundial as regras que, com frequência, regem a política mundial.
"Está sendo desferido um golpe contra todo o esporte mundial e contra os Jogos Olímpicos", disse Putin. Segundo ele, os colegas de outras potências esportivas entendem que com a ausência de alguns atletas russos, a qualidade das medalhas dos Jogos do Rio será outra.
"Uma coisa é vencer entre iguais, de concorrentes fortes. Outra coisa é competir com aqueles que são, de forma óbvia, abaixo do seu nível. Uma vitória assim tem um gosto completamente diferente, ou mesmo é de mal gosto", declarou Putin.
Já para aqueles que embarcam para o Rio de Janeiro, Vladimir Putin recomendou se voltar para as particularidades do espírito russo.
"O caráter russo possui uma caraterística maravilhosa: as dificuldades nós tornam mais fortes e nós unem; suscitam uma colossal força de espírito e abrem caminho para as mais improváveis alturas".
Lágrimas de Isinbayeva
Yelena Isinbayeva, que perdeu a oportunidade de concorrer ao seu terceiro ouro olímpico no Rio de Janeiro, se emocionou durante o encontro com Vladimir Putin. A atleta teve dificuldades para segurar as lagrimas, enquanto manifestava sua indignação perante à injustiça e arbitrariedade de "um determinado número de pessoas no esporte mundial, que imaginaram ser algo maior do que são e que fazem o que querem e inventam novas regras".
Isinbayeva pediu aos atletas que embarcam para o Brasil que se unam e que se apresentem de tão bem, "que o mundo estremeça e que o hino da Federação da Rússia soe, sem parar, nas arenas esportivas do Rio".