E-mails vazados de Hillary Clinton mostram esforços ininterruptos para sabotar a Venezuela

© AP Photo / Dario Lopez-MillsHillary Clinton, ex-secretária de Estado dos EUA
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Apesar de seus apelos públicos pela amizade com a Venezuela, os e-mails vazados do Comitê Nacional Democrata mostram que, durante o seu tempo como secretária de Estado, Hilary Clinton continuou a promover a subversão contra o país latino-americano atrás de portas fechadas.

Os e-mails, vazados pelo WikiLeaks na última sexta (22), mostram que, durante seu mandato como secretária de Estado norte-americana, Clinton perguntou ao então secretário-assistente de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, como "conter [o agora falecido líder venezuelano Hugo] Chávez". Valenzuela aludiu à necessidade de abordar outros parceiros regionais para ajudar a minar Chávez:

"Precisamos considerar cuidadosamente as consequências de confrontá-lo publicamente, mas devemos procurar oportunidades de outros países na região para ajudar".

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Os e-mails vazados confirmam a tendência contínua dos EUA de empreender intervenções secretas em relação à Venezuela e a outros supostos governos de esquerda em toda a América Latina, como os de Cuba e do Equador. O WikiLeaks também expôs uma estratégia da embaixada dos EUA em 2006 para o então democraticamente eleito presidente Chávez, a qual dizia que "uma abordagem criativa dos EUA em relação aos parceiros regionais de Chávez vai conduzir a um racha entre ele [Chávez] e eles".

Nas palavras do Dr. Francisco Dominguez, da Campanha de Solidariedade da Venezuela:

"Após a eleição de Chávez na Venezuela e a eleição do Partido dos Trabalhadores no Brasil em 2002, a região, especialmente a Venezuela, começou a se distanciar dos Estados Unidos, estabelecendo seus próprios organismos, em grande parte regionalmente integrados, e por isso os Estados Unidos estão perdendo influência. A Venezuela tem sido o principal proponente disto, razão pela qual os Estados Unidos tem atacado tanto o país", disse o analista à Sputnik.

Enquanto Clinton expressa amizade para com a Venezuela em público, os e-mails vazados sugerem uma intenção diferente, o que para o Dr. Dominguez levanta uma série de questões:

"Porque os EUA têm de levar em conta os sentimentos regionais das pessoas, eles fingem que gostam de boas relações ou as favorecem, mas eles nunca vão parar de desestabilizar a América Latina, ou a Venezuela".

​A candidata democrata também expressou preocupação com a decisão das Nações Unidas de condenar o golpe militar em Honduras em 2009, que Clinton apoiou. Em 2009, o democraticamente eleito presidente de Honduras, Manuel Zelaya, foi deposto por militares apoiados por partidos da oposição. Apesar do fato de os aliados tradicionais dos EUA – como a União Europeia – terem condenado o golpe, Clinton confessou que, na época, ela queria ver um novo governo substituir a administração esquerdista de Zelaya, a fim de "restaurar a ordem".

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O governo venezuelano estava entre os atores regionais que condenaram o golpe e a repressão subsequente sobre as atividades esquerdistas no país. Na época, Clinton pejorativamente perguntou por que a ONU estava tão preocupada com Honduras, e não com Venezuela: "Ok – mas eles [as Nações Unidas] alguma vez já condenaram a Venezuela por negar a liberdade de imprensa?" escreveu ela para um funcionário.

Um dos e-mails vazados também recomenda não gastar os fundos da USAID em Estados governados pela esquerda, como Venezuela, Cuba e Nicarágua, porque tais fundos poderiam "prejudicar o desenvolvimento democrático real".

Ainda aludindo à Venezuela, o documento também diz que "todos os fundos canalizados para Estados não confiáveis devem ser acompanhados de ‘mudanças de comportamento humano’".

​O Conselho de Radiodifusão de Governadores (BBG), organização estatal norte-americana por trás da Voz da América e de várias estações de rádio internacionais pró-americanas, também pediu mais fundos a Clinton a fim de "combater os esforços de diplomacia pública dos inimigos da América", segundo revela um dos e-mails vazados. O presidente do conselho, Walter Isaacson, identifica explicitamente estes Estados como "Irã, Venezuela, Rússia e China".

Posteriormente, o orçamento anual da BBG foi aumentado para cerca de US$ 750 milhões, permitindo um considerável aumento de suas atividades nos países acima referidos. Clinton respondeu à situação em um e-mail em que dizia: "Vai começar a diversão".

O Dr. Dominguez acredita que o objetivo final dos Estados Unidos é ver a derrubada do governo venezuelano, atualmente liderado por Nicolas Maduro, que ainda goza de apoio popular.

"O governo norte-americano atingiu o setor privado, em especial, o de distribuição de alimentos, contendo alimentos, o que obriga as pessoas a formarem filas. Forçando-as a isso, as pessoas se tornam descontentes (…), especialmente os pobres. A ideia, eu acho, é minar a base de apoio de que os governos Chávez-Maduro gozam, e se eles forem capazes de enfraquecê-los, eles pensam que vão criar as condições para derrubar o governo, que é o que eles fizeram no Chile em 1973", disse o Dr. Dominguez à Sputnik.

Desde o início dos anos 1970, o governo dos Estados Unidos tem buscado várias políticas subversivas na América Latina, destinadas a minar os governos democraticamente eleitos, e, geralmente, de esquerda, da região.

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A tendência parece ter se intensificado em 1973 com o golpe militar contra Salvador Allende, no Chile, e a subsequente imposição do general Augusto Pinochet no poder. Em 2001 e 2002, o governo dos EUA turbinou o financiamento para os grupos de oposição venezuelanos em um esforço para criar uma oposição viável para o presidente Hugo Chávez.

Tais políticas continuam até hoje, e se Hilary Clinton tornar-se presidente, não parece que elas sofrerão qualquer mudança significativa no futuro previsível.

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