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Despesas de Temer, quando vice, no exterior, revelam dois pesos e duas medidas

ENTREVISTA COM ERIK BOUZAN 2 DE 01 08 16
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Levantamento parcial obtido no Palácio do Planalto mostra as despesas milionárias bancadas pelos cofres públicos durante as viagens internacionais feitas por Michel Temer, quando ele ocupava o cargo de vice-presidente da hoje presidente afastada Dilma Rousseff. As quantias contrastam com as reservadas a Dilma desde o seu afastamento em maio.

Os dados constam de telegramas produzidos por embaixadas brasileiras e divulgadas a partir da Lei de Acesso à Informação. Durante os 15 deslocamentos ao exterior entre 2011 e abril de 2016, as comitivas de Temer absorveram despesas elevadas em várias ocasiões.

Durante viagem de Temer à Turquia, em maio de 2012, por exemplo, a União desembolsou US$ 16 mil (R$ 52 mil) por três diárias em quarto duplo no hotel de luxo Conrad, em Istambul. Conforme a agenda oficial, o vice-presidente participou, de 30 de maio a 2 de junho, do Fórum de Parceiros da Aliança das Civilizações e encontros com autoridades. Além dos US$ 16 mil, o governo brasileiro gastou ainda US$ 21 mil em aluguel de veículos, que incluíram duas Mercedes-Benz, seis BMW, quatro vans Sprinter, dois Mondeo e um caminhão-baú para os deslocamentos. Some-se à conta US$ 4 mil pelo aluguel de duas salas no hotel, US$ 2.100 por um tradutor em período integral e US$ 944 pelos serviços de um fotógrafo profissional turco.

Em setembro de 2011, o consulado brasileiro em Nova York solicitou US$ 45 mil (R$ 145 mil) para o pagamento do aluguel de limusines. Para participar do 3º Fórum de Desenvolvimento sustentável, criado pelo empresário Mário Garnero, foi reservada uma suíte de luxo para Temer e a esposa, além de dez apartamentos duplos e seis singles para a equipe de seguranças. Os valores dessas diárias, contudo, não foram mencionados no telegrama do consulado.

Também não foram divulgados os valores gastos entre 18 e 21 de novembro de 2011, quando Temer esteve em Beirute e a cidade de Btaaboura, descrita pela embaixada brasileira no Líbano como a cidade natal dos Temer, de onde migraram seus pais para o Brasil nos anos 20.

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A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República informou que Michel Temer, quando na vice-presidência, “sempre procurou economizar recursos públicos em seus deslocamentos ao exterior”. A nota acrescenta que eram empregadas equipes com número reduzido de auxiliares nas viagens nacionais e internacionais, optando-se sempre pela opção de hospedagem mais econômica para seu cargo.

Quem discorda dessa moderação é o secretário estadual da Juventude do Partido dos Trabalhadores (PT) em São Paulo, Erik Bouzan.

“O Temer e a trupe dele representam aquela elite, a oligarquia da classe política brasileira que desde sempre consegue se apropriar do Estado para obter benesses. Esse exemplo é um dos vários que essa elite brasileira mais atrasada, mais conservadora tem de concepção de gasto público.”

Buzan diz que os dois pesos e as duas medidas – quando em comparação com os da presidente afastada Dilma Rousseff, que teve cortado o número de assessores, restringido o deslocamento em aviões da FAB no país e até a quantidade de clipping diário — “reforçam ainda mais o caráter golpista de tomada de poder, de subversão de uma presidenta eleita de maneira legítima pelo povo”.

“Se fazia isso quando ele era vice, imagine agora? É a tomada de assalto do Estado brasileiro. Não tem outra palavra para descrever essa barbárie que eles fazem com o dinheiro público.”

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