Uma operação secreta no quadro de uma investigação feita pelo Congresso revelou recentemente que a legislação federal existente permite comprar materiais radioativos com uma facilidade surpreendente.
O Escritório de Contas do Governo dos EUA (GAO, na sigla em inglês) realizou em 2006 uma operação de verificação, durante a qual adquiriu materiais de baixo nível de radioatividade que devem (teoricamente) passar por controle e obter uma licença da Comissão de Regulamentação Nuclear (NRC).
Na altura, o GAO começou negócios fictícios, adquiriu a licença necessária e depois a alterou e duplicou para comprar materiais adicionais radioativos não incluídos na licença inicial. Após os resultados da investigação terem sido tornados públicos, a NRC prometeu "agir imediatamente para abordar a falha identificada".
Mais tarde, em 2014, uma operação semelhante foi realizada por cerca de dez investigadores nos estados americanos do Texas, Dakota do Norte e Michigan para ver o que NRC fez para resolver o problema do insuficiente controle de materiais radioativos. Eles criaram uma empresa energética falsa na cidade de Dallas (Texas), primeiramente alugando um escritório na área industrial da cidade para usar o endereço em documentos enviados através dos correios.
Um ano mais tarde, um inspetor federal visitou o escritório e os pesquisadores conseguiram lhe persuadir a emitir uma licença, prometendo melhorar a segurança do escritório em data posterior não especificada.
Após adquirir a licença, os investigadores compraram um pequeno número de componentes nucleares.
De acordo com David Trimble, o chefe de Recursos Naturais e Ambiente no GAO, o time de investigadores foi capaz de alterar e duplicar a licença de modo a adquirir suficientes materiais nucleares para construir uma bomba suja eficaz.
Assim, em 2014 tornou-se claro que o governo dos EUA é incapaz de monitorar a circulação de materiais radioativos, criando uma ameaça real de terrorismo nuclear.
De acordo com o relatório de GAO de 2006, a explosão de uma bomba suja poderá resultar no caos, matando dezenas de milhares de pessoas e tornando os centros urbanos em áreas inabitáveis.