Em entrevista exclusiva para a Sputnik, o skatista brasileiro Kelvin Hoefler, tetracampeão da Copa do Mundo de street skate, além de ter sido o primeiro novato da história a vencer o SLS, Street League Skate Boarding, disse que a aprovação para a entrada do skate como esporte olímpico não surpreende, devido à evolução deste esporte no mundo, e que fará de tudo para representar o Brasil.
"Já era algo de se esperar, porque o skateboard tem evoluído muito nos últimos anos. Se eu for escolhido para participar, eu vou, sim, representar o nosso Brasil", afirma Kelvin.
Ao ser questionado sobre por que somente agora o skateboarding foi incluído como parte dos Jogos Olímpicos – em relação ao snowboarding, por exemplo, que já faz parte das Olimpíadas de Inverno há bastante tempo, Kelvin Hoefler disse que talvez seja apenas por uma questão de visibilidade maior, por ser na neve, e isso gera todo um estilo, mais atraente. "Acredito que o snowboard é bem legal, e deve ter mais visibilidade aos olhos dos espectadores, por ser na neve. E as manobras são muito styles."
Sobre a aprovação do skate como esporte olímpico vir a quebrar o preconceito existente por parte de camadas da sociedade, que veem a atividade muitas vezes como delinquente, ideia inclusive reforçada em filmes como “Caçadores de Emoção” ("Point Break"), o esportista acredita que a intolerância deve permanecer, e o que deve mudar vai ser o incentivo para o crescimento do skateboard.
"Acredito que esse estereótipo é muito errado, porque em toda sociedade existem pessoas que gostam de algo diferente do padrão conhecido como 'normal'. Skatista e surfista têm um lifestyle diferente, que mesmo com as Olimpíadas não vai mudar muito. A inclusão do skate nas Olimpíadas vai trazer bastante incentivo ao skateboard, e muitos adeptos também. Eu vejo pelo lado positivo, porque o órgão responsável pelo skate nas Olimpíadas é composto de skatistas."
Enquanto Tóquio não chega, Kelvin Hoefler vê de forma positiva a realização dos Jogos no Rio de Janeiro.
"Muito legal a iniciativa. Desejo boa sorte para todos participantes."
Outro esportista brasileiro que também concedeu entrevista exclusiva à Sputnik foi o surfista profissional Filipe Toledo, mais conhecido como Filipinho, que acaba de conquistar pela segunda vez uma das principais etapas da divisão de acesso (QS) da Liga Mundial de Surf (WSL), o US Open 2016, em Huntington Beach, na Califórnia, e que já se prepara para o Mundial de Surf, no Taiti, ainda neste mês.
Filipinho recebeu a notícia de inclusão do surf como esporte olímpico com muita animação. Para o surfista, foi um sonho realizado, e ele sem dúvida espera poder competir pelo Brasil.
"Acho que foi um sonho de toda a comunidade do surf. E receber esta notícia bem na época em que eu faço parte deste time é algo realmente incrível. Vou dar meu máximo para representar meu país nas Olimpíadas."
Em relação ao preconceito que também existe em torno de quem pratica o surf, assim como no skate, Filipe Toledo disse que a descoberta de doping envolvendo atletas de outras modalidades e o trabalho que vem sendo feito pela Liga Mundial de Surf (WSL) tem amenizado o prejulgamento em torno do esporte.
"Isso [o preconceito] mudou muito ao longo dos anos! Acho também que o fato de alguns atletas de outras modalidades terem sido pegos em doping desviou bastante a atenção do surf, que sempre foi discriminado. Mas a WSL tem feito um excelente trabalho neste sentido, e este acontecimento [da inclusão nos próximos Jogos] é reflexo disso."
Em relação aos Jogos do Rio 2016, Filipinho está confiante, deseja sucesso para os atletas brasileiros e espera que o evento transcorra sem problemas.
"Espero que corra tudo bem, que não haja nenhum fato que denigra a imagem do nosso país! Além de desejar toda a sorte do mundo aos nosso atletas."
Esportes como xadrez, squash, sumô e boliche também estavam na briga para conseguir uma vaga para Tóquio 2020, mas por enquanto ficarão de fora dos Jogos.