Na lista de inscritos para falar durante a Sessão de Pronúncia do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Roussef já são mais de 40 senadores inscritos. O Ministro Ricardo Lewandowski declarou que a sessão desta terça-feira (9) deve continuar até o fim, sem interrupção, a não ser que haja consenso sobre o contrário entre lideranças partidárias.
Ao conversar com a imprensa, a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) afirmou que mesmo defendendo Dilma Rousseff admite que a presidenta afastada não tem mais condições de governar. Vanessa Grazziotin defende o retorno de Dilma e a convocação de plebiscito para a realização de novas eleições para a Presidência da República.
"Nós que defendemos a presidenta Dilma, nós temos consciência. Achamos até que ela não tem mais condições de governabilidade, e não seríamos nós senadoras e senadores irresponsáveis de apenas defender a volta dela para ampliar uma crise que não é só política, mas é econômica também."
Para o Senador Jorge Viana (PT/AC) o processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff é uma ameaça à democracia brasileira.
"Nós estamos vivendo um momento lamentável na história da democracia brasileira. O país estava dando certo. Nós conquistamos a democracia. Estávamos sendo respeitados pelo mundo. Acho que o Presidente Lula cumpriu esse papel com muito trabalho de nos colocar em uma posição muito importante diante do mundo. Mudou a vida dos brasileiros. Aí tivemos a eleição de 2014 e nessa disputa política que se arrasta, alguns não aceitaram o resultado das eleições e arquitetaram um jogo de cartas marcadas que foi inciado por Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara), e lamentavelmente segue aqui no Senado como uma marcha da insensatez que o resultado diz qual será? Escrever uma página triste da democracia brasileira. Você vai tirar uma presidenta que veio das urnas, porque o governo estava impopular, vivendo crise, não é razão para tirar. Nós não vivemos no Parlamentarismo, vivemos no Presidencialismo e botar um governo que não veio nas urnas."
Já o Senador Paulo Paim (PT-RS), diz que vê o processo como uma farsa política. Segundo Paulo Paim, deve haver novamente uma derrota para a Presidenta afastada na etapa de Pronúncia desta terça-Feira (9), pois os partidários de Dilma calculam em 30 o número de votos no Plenário contra o relatório aprovado de Antônio Anastasia (PSDB-MG), que é favorável ao julgamento da Presidenta afastada Dilma Rousseff.
"A expectativa que se criou baseado na decisão tomada pela Comissão, onde somente cinco senadores se posicionaram favoráveis à Presidenta, é que esse número proporcionalmente vai se repetir aqui no Plenário, ou seja, eles deverão ter mais de 50 e nós teremos menos que 30, e consequentemente va também ser aprovado aqui, tudo indica, repetindo a votação na Comissão."
Paim, acredita, no entanto, que ao ser levado para o julgamento final o debate poderá reverter o placar na votação final do impeachment, pois o quorum vai ser diferenciado, ou seja para que a Presidenta Dilma seja afastada em definitivo serão necessários 54 votos dos 81 Senadores.
"Nós vamos aqui fazer o debate, fazer a defesa, mas com certeza essa última votação que poderá ser de 25 a 28 de agosto, ee acredito mais em dia 28, é que aí sim, nós precisaríamos em torno de 28 votos, e eles 54. Aí que nós poderemos ver quem realmente está com a contabilidade certa, porque eles dizem que tem 60 votos, o pessoal do meu campo de atuação fala que nós temos em torno de 30. 60 e 30 dá 90, mas são só 81 senadores, uma conta que não fecha. Com debate, a mobilização externa e interna, e que se decida no momento adequado. Eu espero que essa oportunidade do dia 28, que até lá nós façamos um bom debate para convencer os senadores, que na verdade esse impeachment é uma farsa. Todos nós sabemos, eles sabem que é uma farsa. Não tem nada que prove algum crime de responsabilidade e todo o debate é político."
A votação no Plenário que se inicia nesta terça-feira (9) encerra a segunda fase, chamada de Pronúncia, do processo de impeachment da Presidenta afastada Dilma Rousseff, que coletou provas e depoimento para embasar o voto dos senadores. Nesta fase, os senadores da comissão do impeachment ouviram 44 testemunhas, sendo 2 da acusação, 4 do juízo e 38 da defesa.