No começo da noite, os atiradores especiais se preparam para os combates. Os que possuem aparelhos de pontaria com visão noturna tomam posições onde passam uma noite longa, durante a qual não poderão dormir.
A coluna se forma rapidamente. Cerca de cinco veículos todo-o-terreno se põem em movimento sem ligar as luzes. São veículos com atiradores de elite. Dali a algumas centenas de metros ficam as posições dos jihadistas. Para atingir o local necessário é preciso atravessar a cidade.
É impossível dirigir a alta velocidade. São 22h00, mas há engarrafamentos. Ninguém quer deixar passar os outros. Há uma cacofonia de buzinas.
O que surpreende é o ritmo de vida aparentemente normal. Lojas e restaurantes estão abertos de ambos os lados da rua. Os jovens, com penteados elegantes, fumam narguilé e jogam gamão. Pais compram sorvetes para os seus filhos.
"Você pode acreditar que vamos para a guerra? O caminho leva só dez minutos mas verá o contraste. Sim, é uma caraterística da guerra local", diz o comandante de uma das unidades, coronel.
Com efeito, passaram dez minutos e o veículo já está num local completamente diferente. Não há luz, lojas ou crianças. Os aparelhos de radiotelegrafia emitem os seus sons, ouve-se o barulho de um avião no ar. Explode a primeira mina.
"<…> Ficamos no local certo. Amigos, todos sabem as posições. Podem ficar onde quiserem, o que é importante é não fazerem ruído nem emitirem luz. De manhã, se Deus quiser, recolheremos todos", disse o coronel.
Os combatentes sírios tomam dois edifícios vizinhos onde já ficam militares e agentes da milícia, cansados mas com os mesmos penteados elegantes. Não é necessário usar cabelo curto no Exército, basta usar gel de cabelo.
"Já estão combatendo por alguns anos. Eles não têm prazeres na sua vida quotidiana e, se quiserem e isso não interferir no trabalho, que cortem o cabelo assim", explica um dos militares.
Os atiradores seguem as movimentações no território da Escola de Artilharia, que está sob o controle dos terroristas e fica no outro lado do caminho. Já há alguns resultados dessa noite sem sono: um aparelho de rádio portátil informa que um atirador ao lado eliminou dois terroristas perto de uma torre de água. Passado um tempo, o número de terroristas mortos sobe mas há perdas de ambos os lados, dois soldados sírios ficam feridos.
Segundo um dos militares sírios, os problemas surgem quando os terroristas colocam nas posições mercenários estrangeiros que atiram bem porque possuem aparelhos de visão noturna. Os dados da inteligência síria indicam que há muitos mercenários de outros países em Aleppo. Muitos deles são oriundos de países árabes, europeus e outros.
Os soldados começam a atravessar o caminho com intervalos curtos. A sua vida é protegida pela parte superior da trincheira. As balas atingem os montes de areia e provocam nuvens de pó.
Perto de escola começa o tiroteio. Os terroristas estavam prontos para a ofensiva das forças governamentais. Balas e projéteis voam em nossa direção.
Os atiradores tentam eliminar os terroristas que estão nas janelas da escola. Entretanto, usam peças de artilharia bem camufladas. A unidade avançada do Exército sírio perde um soldado, mais dois são feridos e a unidade tem que retornar para a posição inicial.
Uma semana atrás, os terroristas, que têm uma grande vantagem numérica, conseguiram tomar duas escolas militares. Cerca de 8 mil militantes chegaram a Aleppo para atacar as posições sírias e romper o cerco de algumas unidades de terroristas bloqueadas. Entretanto, não conseguiram alcançar o objetivo e romper a cintura de forças governamentais. No entanto, o Exército sírio ainda não tem força suficiente para retomar o controle sobre as posições perdidas.
Hoje, segundo os relatos dos militares, os soldados sírios conseguiram bloquear terroristas nas duas escolas e agora têm de retomar estes locais estratégicos para lançar uma operação de libertação da cidade de Aleppo.