O trabalho da pesquisadora foi apresentado em junho último em Natal, como parte do doutorado de Maíra, que atualmente cursa pós-doutorado em Farmacologia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A proposta da tese é que essa proteína possa ser usada como uma espécie de marcador utilizado nas ressonâncias magnéticas para identificar a doença.
Antes da premiação da SBBq, Maíra já havia recebido, em 2012, um prêmio da Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária (SBFC) de Jovem Investigador. A pesquisadora, que mora em Laguna, no sul catarinense, estuda a doença há dez anos. Em entrevista à Sputnik Brasil, Maíra conta que a descoberta foi em foi em relação a uma proteína, conhecida no meio científico como TRPA-1.
"Eu não descobri a proteína. A novidade é que descobri que ela está no cérebro. Já se sabia que ela é encontrada em outros tecidos do corpo e a participação dela em outras doenças de fundo espasmatório. Além disso, vi que estava associada à iniciação e progressão da doença de Alzheimer."
A pesquisadora lembra que, como a proteína já tinha sido descrita anteriormente participando de outras doenças inflamatórias na periferia do corpo, o grande mérito do estudo foi estabelecer essa ligação. Como o Alzheimer também tem um fundo inflamatório e como essa proteína participa muito nesses quadros, talvez ela também estivesse no cérebro, contribuindo para a doença. Esse foi o ponto de partida e o grande trunfo da pesquisa. Segundo Maíra, a descoberta pode resultar ou não na produção de remédios contra o Alzheimer.
"O que a gente faz é pesquisa em animais e em tecidos humanos. Outros estudos serão necessários após a realização dessa primeira fase. Nosso trabalho foi o inicial, para que outras pesquisas venham resultar num possível tratamento ou diagnóstico."
O principal sintoma do Mal de Alzheimer é a perda da memória, o que se manifesta primeiro, mas a doença apresenta uma série de outras sinalizações, assim como as enfermidades de fundo neurodegenerativo. Conforme a doença vai progredindo vão se manifestando outros sintomas como mudança de personalidade, perda da fala, locomoção, resultando na perda de qualidade de vida do paciente.