Após 30 anos para ser produzida, esta é a primeira vez que uma vacina nacional parasitária chega até a fase final de testes no Brasil.
De acordo com a Pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Miriam Tendler, o desenvolvimento da SM 14 é uma das prioridades da Organização Mundial da Saúde para garantir o acesso de países pobres a tecnologias de última geração contra a doença.0
"É crescente a preocupação da Organização Mundial da Saúde, com o contraste que existe entre os países ricos e pobres no acesso a tecnologias modernas, de ponta, certamente mais seguras e mais eficazes."
O desenvolvimento da vacina faz parte de uma parceria público privada (PPP) entre a Fiocruz e a empresa Orygen Biotecnologia S.A. A vacina vai ser feita a partir de um antígeno, que é uma substância que estimula a produção de anticorpos, evitando que o parasita causador da doença se instale no organismo ou que lhe cause danos.
Miriam Tendler destacou ainda a importância do Brasil na liderança desse tipo de pesquisa, já que o país é referência mundial na fabricação de vacinas. Doenças como coqueluche, difteria, tétano, hepatite B e febre amarela estão atualmente controladas devido a tecnologia brasileira.
"Um produto feito por um país como o Brasil do Hemisfério Sul para uma doença que é importante para o Hemisfério Sul. É a inauguração de uma estratégia, de uma outra lógica, mostrando que somos capazes de fazer isso e que abre caminho para geração de novas tecnologias e produtos semelhantes."
A previsão é a de que os testes tenham início já a partir deste mês e siga até dezembro de 2016, período em que se registra mais casos da doença em território africano.
A Sm14 será administrada em três doses, com intervalos de um mês entre cada uma. A conclusão e os resultados dos estudos estão previstos para 2017.