Em seu discurso Dilma voltou a falar em golpe, disse que o que está em jogo não é somente o seu mandato, mas o respeito às urnas e a auto estima dos brasileiros.
A presidenta afastada destacou ainda que todo o processo de impeachment teve início com a articulação daqueles que foram derrotados nas urnas, em 2014. Dilma assumiu erros em sua administração, mas que a traição não é um deles.
"Entre os meus defeitos não está a deslealdade e a covardia. Não traio os compromissos que assumo. Os princípios que defendo ou aos que lutam ao meu lado. Não luto pelo meu mandato por vaidade ou por apego ao poder, como é próprio dos que não tem caráter, princípios ou utopias a conquistar. Luto pela Democracia, pela verdade e pela justiça. Luto pelo povo do meu país, pelo seu bem estar."
Ao falar em golpe, Dilma reafirmou que não houve crime na edição dos decretos, nem nas pedaladas fiscais.
"Estamos a uma passo da concretização de um verdadeiro golpe de Estado. Do que sou acusada? Quais foram os atentados à Constituição que cometi? Quais foram os crimes hediondos que pratiquei? A primeira acusação refere-se a edição de três decretos de crédito complementar sem autorização legislativa. Ao longo de todo o processo mostramos que a edição desses decretos seguiu todas as regras legais. Respeitamos a previsão contida na Constituição, a meta definida na LDO e as autorizações estabelecidas no artigo quarto da Lei Orçamentária de 2015 aprovadas pelo Congresso Nacional."
Comparando a situação atual com o que passou quando foi torturada pela Ditadura, Dilma se emociona ao dizer que teme que o impeachment leve a morte da democracia.
"Sofro de novo com o sentimento de injustiça e o receio de que mais uma vez a democracia seja condenada junto comigo. E não tenho dúvida que também desta vez todos nós seremos julgados pela história. Por duas vezes vi de perto a face da morte, quando fui torturada por dias seguidos submetida a sevícias que nos faziam duvidar da humanidade e do próprio sentido da vida, e quando uma doença grave e extremamente dolorosa poderia ter abreviado a minha existência. Hoje eu só tema a morte da Democracia."
Dilma Rousseff encerrou seu discurso pedindo que os senadores deixem de lado questões pessoais e votem sem ressentimento contra ela, que votem contra o impeachment e pela democracia.
"Faço um apelo final a todos senadores, não aceitem um combe, que ao invés de solucionar, agravará a crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidenta honesta, que jamais cometeu qualquer ato ilegal na vida pessoal ou nas funções públicas que exerceu. Votem sem ressentimentos. O que cada senador sente por mim, e o que nós sentimos uns pelos outros importa menos neste momento, do que aquilo que todos nós sentimos pelo país e pelo povo brasileiro. Peço: votem contra o impeachment. Votem pela Democracia."
Após o pronunciamento se defendendo das acusações do processo de impeachment, Dilma Rousseff foi aplaudida pelos seus apoiadores que estão nas galerias, como o ex-presidente Lula, ministros de seu governo e pelo cantor Chico Buarque, o que fez com que o presidente do Supremo Tribunal Federal e do Julgamento, Ricardo Lewandowski, suspendeu por alguns minutos a sessão.
Em seguida Dilma Rousseff começou a responder as perguntas dos senadores. Pelo menos 49 senadores estão inscritos para questionar a presidenta afastada.