"Eu acho que a acusação fez muito mais um discurso político do que propriamente a discussão específica sobre aqueles pontos que são objeto da acusação em si. Por outro lado eu vi uma boa combinação de um discurso político com a defesa jurídica da inocência da presidenta Dilma, em relação à aquilo que lhe é imputado. Eu acho que foi mais um dia muito positivo para nós esta manhã (30). Isso vai reforçando a chance que nós acreditamos, que temos de reverter esse jogo amanhã (31) na votação."
A senadora Ana Amélia (PP-RS), que é favorável ao impeachment disse que acusação e defesa cumpriram com competência o seu papel, com muita competência e dedicação. Ana Amélia ainda deu sua opinião sobre a polêmica de que o discurso da acusação foi político.
"Claro que José Eduardo Cardozo, que foi ministro de Dilma Rousseff, amigo pessoal da presidenta afastada e advogado de defesa dela com uma dedicação exclusiva nesse trabalho, ele tem uma interpretação quase como um porta-voz da presidenta, expressando inclusive os próprios sentimentos, como se a presidenta estivesse ali falando. Ele fala com uma voz, defendendo as questões de gênero, inclusive abordou o perfil e a personalidade dela, a forma como as pessoas vêem Dilma Rousseff. A acusação da mesma forma compartilhou com dois advogados Janaina Paschoal e Miguel Reale tratando de abordar os aspectos políticos desses processo, que é um processo político, mas também os aspectos que fundamentaram a acusação. Não se pode reclamar, como foi feito pela defesa de Dilma Rousseff de que eles fizeram um discurso político, porque o discurso de José Eduardo Cardozo também foi político."
Já a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) falou sobre ausência de senadores no plenário durante o duelo entre acusação e defesa, ponto alto do julgamento do impeachment.
"Eu até lamento que tenha tido tão poucos senadores em plenário nesse momento, que é um momento central. Realmente fiquei bastante impactada pela fala de José Eduardo Cardozo. Ele se baseou na jurisprudência, numa tradição do Código Penal brasileiro, dos tribunais brasileiros, enquanto que a acusação se baseia no seu desejo. Nós estamos assistindo o tempo todo a comparação desqualificadora de um lado. É claro que milhões de brasileiros estão insatisfeitos, até porque milhões votaram no segundo turno o senador Aécio Neves. Só que milhões de outros brasileiros votaram e tiveram uma maioria, mesmo que pequena, mas uma maioria, e é preciso se aceitar esse resultado."
O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) também fez um balanço sobre o julgamento do impeachment contra Dilma Rousseff, e que a defesa é clara em mostrar o erro que será feito se o impeachment for validado, por uma presidenta que não cometeu crime de responsabilidade.
"A sustentação da defesa tem claramente mais substância e mostra que nós estamos cometendo um gravíssimo erro, que a Democracia brasileira poderá pagar caro nos próximos anos. Estamos cometendo erro de afastar uma presidenta da República sem ter sido caracterizado o crime de responsabilidade. Falo isso com a tranquilidade de alguém que foi oposição ao governo da presidenta Dilma. De alguém que é profundo crítico a todos os erros cometidos pela condução política por parte do Partido dos Trabalhadores, mas também alguém que tem a convicção, que os valores da nossa Democracia, a nossa estabilidade tão conquistada em 1988, não podem ser desprezados e não pode haver um arranjo das elites econômicas e políticas empresariais do país para colocar no poder, a bel prazer, aqueles que melhor lhe interessam.'
Para o presidente da Comissão Especial do Impeachment (CEI), senador Raimundo Lira (PMDB-PB), as exposições da defesa e da acusação não trouxeram novidades ao processo e só reforçaram as posições que já estão tomadas pelos senadores na fase da Comissão. Raimundo Lira ainda comentou a proposta da realização de um plebiscito colocada por Dilma e sua defesa. Para o senador essa intenção de antecipar as eleições deveria ter sido sugerida há um ano para que pudesse ser discutida e não agora.
"Não tem mais essa tese. Isso era coisa para ser trabalhada há um ano atrás, porque nós temos a tradição de toda lei eleitoral, ela só ter validade só ter eficácia um ano depois, e quando isso foi discutido aqui no Congresso Nacional, e que chegar a ser promulgado um ano depois, terminou o mandato de transição. E esse mandato de transição do presidente Temer é muito importante. Tenho certeza de que Temer vai passar para o novo presidente eleito no início de 2019 um país mais organizado, um país pacificado do ponto de vista social e econômico."
Após o embate defesa e acusação, começou a fase de discurso dos senadores. O primeiro a falar foi o senador Gladson Cameli (PP-AC). 67 senadores se inscreveram. Cada um tem 10 minutos para falar. A previsão é a de que a sessão só se encerre na madrugada desta quarta-feira (31).