Taipé tentará impedir reaproximação entre Vaticano e China?

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No contexto da próxima visita do vice-presidente de Taiwan ao Vaticano, especialistas divergem nas questões políticas e religiosas.

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Em 2 de setembro, o vice-presidente de Taiwan, Chen Chien-jen, planeja visitar o Vaticano. Embora a visita oficialmente esteja marcada para celebrar a canonização pela Igreja Católica da Madre Teresa de Calcutá, na mídia internacional e taiwanesa ela é vista no contexto de reaproximação do Vaticano com a China.

O melhoramento nas relações entre o Vaticano e Pequim foi comentado à Sputnik China por Andrei Karneev, vice-diretor do Instituto de Estudos Asiáticos e Africanos da Universidade Estatal de Moscou.

Segundo ele, o Vaticano ainda não tem relações diplomáticas com a China, mas está ativamente desenvolvendo os contatos, o que é visto com muita cautela por parte de Taiwan.

Em um ambiente de relações deterioradas entre Pequim e Taipé, após a chegada ao poder de Tsai Ing-wen começaram a surgir indícios de que a liderança chinesa poderia aproveitar da flexibilidade do novo Papa e privar Taiwan do último aliado diplomático na Europa.

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A história das relações da China com a Igreja Católica tem raízes ainda nos tempos dos primeiros viajantes jesuítas, que primeiramente tinham se estabelecido em Macau, em meados do século XVI, e depois conseguiram penetrar na Cidade Proibida em Pequim.

Atualmente a China tem uma das maiores comunidades católicas na Ásia (há dados diferentes que variam entre 5,7 e 12 milhões de pessoas). É de notar que ultimamente os números, segundo dados variados, estão aumentando ativamente, especialmente entre estudantes e jovens. Há especialistas que preveem que em breve a China poderá se tornar no país com a maior comunidade cristã no mundo.

Segundo refere Karneev, os sinais de melhoramento de relações entre o Vaticano e Pequim tiveram lugar ainda em 2014, quando o Papa Francisco começou realizando o chamado "novo rumo" relativamente a Pequim.

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Mas nesta via há certos problemas bastante sérios: primeiramente, o lado chinês está preocupado com o problema da influência ideológica ocidental sobre dezenas de milhões de cidadãos não controlada pela estrutura partidária chinesa. Em parte, isso se vê na questão da possível nomeação pelo Vaticano de bispos chineses, mas a questão é ainda mais profunda.

Ainda nos anos 1950, na China foi criada a Igreja Católica Patriótica chinesa, que não reconhece a autoridade da Santa Sé e que nomeia os bispos de forma independente. Pequim também insiste que o Vaticano, em troca de reconhecimento chinês, rompa suas ligações com Taiwan.

No início de agosto, o bispo de Hong Kong John Tong Hon informou a mídia sobre a possibilidade de se alcançar um compromisso entre a China e o Vaticano na questão da nomeação de bispos. 

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Na primavera do ano corrente (outono no hemisfério sul), Taiwan perdeu a Gâmbia, que decidiu recusar o reconhecimento diplomático de Taipé. Será que o Vaticano será o próximo? 

Claro que Taipé receia um desenvolvimento dos acontecimentos desfavorável para Taiwan. Pois, oficialmente, as autoridades de Taiwan negam que o objetivo da próxima visita seja a tentativa de impedir uma reaproximação entre Pequim e o Vaticano.

Há também especialistas de Taiwan que acham necessário apoiar a reaproximação, ao mesmo tempo continuando prontos para qualquer desenvolvimento da situação. Eles argumentam sua posição com o fato de os laços de Taiwan com a Igreja Católica continuarem muito fortes, independentemente das relações diplomáticas existentes com a Santa Sé.

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