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Portugal: Festa do Avante marcada por críticas à UE e ao golpe no Brasil

© Sputnik / Lucas RohanPortugal: Festa do Avante
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Precariedade no trabalho, ameaças de sanções da UE e cobranças contra o atual governo português deram o tom dos discursos numa das maiores festas comunista do mundo.

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A edição deste ano da tradicional Festa do Avante comemorou os 40 anos do evento, que começou a ser promovido pelo Partido Comunista Português (PCP) dois anos após a Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974, e foi marcada por cobranças contra o atual governo do socialista António Costa suportado pelos comunistas, críticas à precariedade no trabalho, ao golpe contra Dilma Rousseff no Brasil e à ameaça de sanções por parte da União Europeia (UE) contra Portugal.

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Portugal: Festa do Avante

Durante o último final de semana, milhares de pessoas foram até a Quinta da Atalaia, no Seixal, ao sul de Lisboa, para participar daquela que é uma das maiores festas comunistas do mundo. Com ares de festival, intercalando shows e discursos políticos, mas contando também com exposições e debates temáticos, a edição número 40 da Festa do Avante terminou na noite do último domingo com o PCP marcando posição em temas atuais no grande comício de encerramento.

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A fala mais aguardada, do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, foi acompanhada por milhares de pessoas empunhando bandeiras vermelhas no espaço do palco principal do Avante. O líder comunista aproveitou seu discurso para fazer cobranças ao governo do Partido Socialista (PS), viabilizado após as últimas eleições legislativas em Portugal por um acordo entre os partidos de esquerda (Bloco de Esquerda, PEV e o próprio PCP acordaram não bloquear a aprovação do governo de António Costa no Parlamento). "Estamos aquém do que é necessário", reconheceu Jerónimo de Sousa ao falar sobre o acordo apelidado ironicamente de "geringonça".

O secretário-geral explicou que o quadro político após as eleições legislativas do ano passado não se traduziu "na formação de um governo de esquerda", mas sim na formação de um governo minoritário dos socialistas. Para Jerónimo de Sousa, o PCP não é "força de suporte" de Costa e mantém "total liberdade e independência".

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Para o líder comunista, é preciso "libertar" Portugal das "amarras" da política que levou o país à crise. Sousa disse que a opção do Partido Socialista de "não romper com os constrangimentos externos, as imposições da União Europeia, a submissão ao euro e a renegociação da dívida, são um grave bloqueio à resposta aos problemas do país". Ele argumentou que essa postura é uma forma de favorecer "as forças que querem impor o regresso ao passado", em referência aos partidos da direita que governavam antes das últimas eleições.

Segundo Jerónimo de Sousa, a possibilidade de sanções da União Europeia contra Portugal ainda não foi afastada ou vencida e neste momento acontece por meio de "pressões e chantagem" sobre o orçamento do Estado para o próximo ano. De acordo com o líder comunista, essas pressões visam "esmagar a esperança" e o governo de António Costa "tem que rejeitar esse pérfido plano".

Outras pautas

A recente queda da presidenta brasileira Dilma Rousseff foi um dos temas tratados em diversos momentos no Avante, tanto pela proximidade dos portugueses com o Brasil quanto pela grande quantidade de brasileiros que lá estavam. Protestos foram ouvidos durante o show do cantor Criolo e em um ato de solidariedade promovido pelo PCP. Lá ninguém tem dúvida ao afirmar que Dilma sofreu um golpe das elites.

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Na área internacional, os stands do PT e do PCdoB, os únicos partidos brasileiros com representação na festa, ficam de frente um para o outro. São espaços de confraternização e discussão do atual momento político. Ali se vende picanha, feijoada e caipirinha e se escuta música trash dos anos 90 no Brasil. Ao som de "É o tchan" ou "Tati Quebra-Barraco", brasileiros radicados em Portugal matavam a saudade da comida brasileira ao mesmo tempo em que debatiam o impeachment de Dilma.

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Perto dali, nos espaços reservados aos partidos de outros países, as conversas incluíam a discussão dos temas locais. O Partido Comunista Italiano, por exemplo, promoveu um momento de solidariedade com as vítimas do terremoto que atingiu o país recentemente. A cada prato de macarrão vendido, uma parte do valor seria revertida para ajudar os afetados pela tragédia.

No espaço do Partido Comunista de Cuba o assunto era, assim como o foi no ano anterior, a retomada de relações com os Estados Unidos. Para muitos, apesar do "perigo" de confiar nos norte-americanos, o processo desencadeado por Barack Obama e Raúl Castro pode ser benéfico para a ilha.

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Os venezuelanos também presentes denunciavam a direita de seu país como responsável pela desestabilização do governo de Nicolás Maduro. Quando assunto era lançado na roda de conversa, rapidamente caminhava para a denúncia de um golpe mundial com participação dos Estados Unidos que visa interromper todos os governos progressistas da América Latina.

Precariedade

O tema da precariedade nas relações de trabalho, que deve ser um dos principais pontos da agenda política do PCP para os próximos meses, foi tratado em uma exposição no pavilhão central do Avante. Na entrada do espaço um aviso alerta o público que as imagens que formam a exposição podem ferir os sentimentos de pessoas mais sensíveis.

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Jerónimo de Sousa, o líder do PCP, visitou essa exposição no final de semana e saiu lamentando o que chamou de "flagelo social". Ele disse que o governo de Costa "está sensível" ao tema, mas nessa matéria "não bastam as boas palavras". "Com a mobilização e intervenção política dos trabalhadores atingidos pela precariedade acredito que seja possível combater essa chaga social", disse.

"A festa é maior que o partido"

Há 40 anos, é no Avante que os comunistas portugueses dão a linha de sua agenda política. A festa, além de uma demonstração de força do PCP, também é um evento político para discussão dos temas atuais. É comum ouvir a sentença de que a Festa do Avante é maior que o próprio PCP, o que demonstra a importância que é dada ao evento.

Neste ano os assuntos internos ganharam especial atenção porque se vê no horizonte o Congresso do partido e a eleição de um novo líder. Esperava-se que Jerónimo de Sousa sinalizasse, no discurso de encerramento, se pretende correr novamente para o cargo que ocupa desde 2004. Não aconteceu.

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